segunda-feira, 21 de maio de 2018

ALMA - (Ciclo António A. Cardoso)














ALMA

Sim… sim… a alma
O éter voando no espaço
Naquele azul redondo
E faminto
Que ninguém consegue agarrar…

Para chegar até ela
Preciso de escadas
Preciso de subir mais alto
Por degraus de luz que não há…

Arrasto-me pelo chão
Pelo solo onde caminham os ossos
Deixando sulcos e marcas
Que o tempo vai apagando …

Eu queria ser alma!
Eu queria ser pássaro!
Ser o azul redondo
De tudo o que sonho e desejo!…

Queria ser o Outro
O que voa, o que sonha
O que ousa…

E fico espalmado
Como um paquiderme
Sem asas, sem rasgo…
A esvair-me de todo o azul possível
No asfalto da vida… 

A. Alves Cardoso 


3 comentários:

Maria Adelina Lopes disse...

Alma...não carece de comentários, porque ela, a Alma, está ali inteira, escadas para quê?

Cecília Pires disse...

Bonito poema! De alguém que conhece o significado real das coisas e do que vale realmente a pena. De alguém com alma grande, iluminado, em permanente busca do Absoluto e do sublime!

Unknown disse...

Tão lindo!
Estar insatisfeito é já por si uma dávida aos poetas. É uma espécie de preço pago pela diferença. Parabéns!