sexta-feira, 22 de maio de 2015


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Se os Poetas Dessem as Mãos


Se os Poetas dessem as mãos
e fechassem o Mundo
no grande abraço da Poesia,
cairiam as grades das prisões
que nos tolhem os passos,
os arames farpados
que nos rasgam os sonhos,
os muros de silêncio,
as muralhas da cólera e do ódio,
as barreiras do medo,
e o Dia, como um pássaro liberto,
desdobraria enfim as asas
sobre a Noite dos homens.

Se os Poetas dessem as mãos
e fechassem o Mundo
no grande abraço da Poesia.

Fernanda de Castro, in "Ronda das Horas Lentas" 


quarta-feira, 20 de maio de 2015


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Maria Teresa Horta nasceu a  20/5/1937 


Mãe
mãe
terminou o tempo
de sorrir
desculpa-me a morte
das plantas

tatuei a tua antiga
imagem loura
em todos os pulsos
que anjos inclinam de existires

perdi-me noite na planície
branca
sobrevivente das madrugadas
da memória

trocaram-me os dias
e as ruas de ancas
verticais
e nas minhas mãos incompletas
trouxe-te um naufrágio
de flores cansadas
e o único jardim de amor
que cultivei de navios ancorados ao espaço

Maria Teresa Horta, in 'Antologia Poética' 


segunda-feira, 18 de maio de 2015


Resultado de imagem para Umar-I Khayyām


A fascinante poesia persa, pródiga na arte de nos envolver em reflexões profundas.
A.



Umar ou Omar-I Khayyām, poeta persa, nasceu a 18/05/1048 //  4/12/1131.
(há 967 anos)


Não tenhas medo dos infortúnios de hoje,
Não tenhas dúvidas, o tempo os apaga.
Se tiveres um momento oferece-o à alegria,
O que virá depois, deixemos para o depois.
*
Quando for afrontado pela hora da morte,
Arrancado pela raiz da esperança da vida,
Do barro, meu abrigo, moldem uma jarra,
Enchendo-a com vinho, ressuscitarei de novo.
*
Passei ontem no oleiro,
A sua arte é um jogo divinal,
Eu vi, embora outros não tivessem visto,
As cinzas dos antepassados nas mãos dele.

(in Ruba’iyat, traduzidos do persa por Halima Naimova, Assírio & Alvim, 2009)



terça-feira, 12 de maio de 2015

Anjos do Meu Jardim


Presente marcado pelo Céu enviado
P`ras horas serenas das Avé-Marias
Onde saltitam dizeres abençoados
Derramados na eira, forrada de luz

Toalha de alegria enfeita o altar
Um ramo de rosas em cada olhar
Salvas de beijos para regalar
Encontro sentido d`Almas irmãs

Citam-nos  os Anjos a beber
Água viva cascatas do sentir
Em doces abraços partilhada

Na essência de cada um renascida
Em chuva de bênçãos derramada
No sempre presente sou vossa

Anjos do meu jardim..



Maria Adelina







Manuel Alegre 

12 de Maio 1936


Portugal

O teu destino é nunca haver chegada
O teu destino é outra índia e outro mar
E a nova nau lusíada apontada
A um país que só há no verbo achar

Manuel Alegre, in "Chegar Aqui" 




domingo, 10 de maio de 2015

Hoje, foi um dia feliz - Homenagem a Fina D`Armada






  














Sem Barreiras


Cara Amiga, tinha a intenção de te escrever um poema
Mas como? se a poesia tem rima, métrica, sonoridade, cadência
De que forma conjugar num poema, o muito que te quero dizer
Preencher aquele vazio singular que o teu nome evoca
Como se numa refrega tivéssemos perdido a bandeira
O estandarte da verdade que empunhaste como ninguém

Então, resolvi escrever esta carta sem endosso ou direcção
Afinal.. será que existem barreiras, lugares, distância, separação?.
Sinto-te tão próxima capitã d`armada celeste
A navegar os mares da história que tão bem descreveste
Tomas agora chá com as rainhas, os navegantes, as pioneiras
Reencontros felizes pois de todos vestiste a pele, foste primeira

Por cá todos bem, cegos ainda pela luz que nos rodeia
Da qual és candeia pelo bastião da tua veracidade, incómoda,
Para a modorra acomodada dos contadores da nossa meia-História
Onde o feminino foi banido` por exorcismos de capa e batina
Onde a mulher, campo e celeiro de todos os grãos…de todos
Foi! Quiçá ainda é! Excluída do banquete dos comensais

Termino esta missiva com os cumprimentos habituais…
…Porque será que temos vergonha de mostrar a saudade
Se o ocultar a emoção é suprimir o melhor da nossa humanidade
Sinto saudade amiga, sinto saudade…


Maria Adelina


10 de Maio 2015



domingo, 3 de maio de 2015

Para todas as Mães Divinas.







     HINO À MÃE





Santificado seja o teu nome
Assim na Terra como em tua casa.

Nasceste menina, mulher
Para seres feliz, um ser amado
Não para cumprires missões de desagrado.

Não és virgem quando concebes
Não pecas quando engravidas
Não és impura em livro sagrado
Não tens a culpa que deram a Eva.
Tu és divina quando dás à luz
Gerando vidas eternamente.

Santificado seja o teu nome
Na boca dos filhos e de toda a gente.

Sê mãe feliz, em liberdade,
Santificado seja o teu nome
Assim na Terra como na Sociedade.


Fina D`Armada

Do livro : Mar Nosso de Cada Dia







Celtic Woman - Goodnight my angel with lyrics



Boa noite meu anjo hora de fechar os olhos
Guarde as perguntas para outro dia
Eu acho que sei o que me  tens perguntado
Eu acho que sabes o que tenho tentado dizer

Eu prometi que nunca te deixaria
E  deves sempre saber
Que onde fores
Não importa onde estejas
Eu nunca estarei longe

Boa noite meu anjo hora de dormir
Ainda há muito que eu quero dizer
Lembra de todas as canções que cantaste
Quando navegamos numa balsa de esmeralda

E como um barco no oceano
Estou a levar-te para dormir
A água é escura e funda
Dentro deste antigo coração
Você sempre será parte de mim

Do do do do...

Boa noite meu anjo, hora de sonhar
E sonhe com o quão maravilhosa tua vida será
Um dia a tua criança vai chorar mas se lhe cantares essa música de ninar
Então em seu coração ela sempre terá uma parte de mim

Um dia todos nós partiremos
Mas as músicas de ninar continuarão
Elas nunca morrem e é assim que nós seremos