domingo, 30 de setembro de 2018

INFÃNCIA




INFÃNCIA

e jogava ao pião com Deus
enquanto minha mãe estendia a roupa
e o meu pai mendigava o pão

e minha alegria nesse tempo
era próxima da dos meninos
e de Deus que ganhava sempre

e não sei quem perdi primeiro:
o pião ou Deus
apenas sei que deus continua
a jogar com outros meninos

e que no Outono quando saio à praça
nos sentamos e falamos muito
do suave rodopiar das folhas

Daniel Faria


sábado, 29 de setembro de 2018

Outono - Miguel Torga

  


Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há tanta fantasia 
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.

Miguel Torga




sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Entardecer





ENTARDECER

Cai do céu vespertino
Uma trémula folha
De outono.
Desce no coral do dia
Vem a dançar
Como uma pétala
Borboleta amarela
Para tombar, docemente
Na terra faminta
Que a espera.

Anabela Coelho


quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Outono - Teixeira de Pascoais


Teixeira de Pascoaes - 2 de Novembro 1877 / 14 Dezembro 1952




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“O sol do Outono, as folhas a cair, 
A minha voz baixinho soluçando,
Os meus olhos, em lágrimas, beijando
A terra, e o meu espirito a sorrir... “





quarta-feira, 26 de setembro de 2018

MANHÃS DE OUTONO



MANHÃS DE OUTONO

Gosto das manhãs de outono, orvalhadas!
Trazem as tuas mãos carregadas de sonhos.

Espreito pela janela
E os meus olhos bebem o orvalho da manhã
Banhado de fios dourados
E, mais ao longe, um manto de névoa
Lembra-me a espuma do mar
As gaivotas e o canto dos búzios
E segredos que só tu conheces
Meu Deus!
Como é possível ver o mar atrás dos montes!

Francisco Lucas


terça-feira, 25 de setembro de 2018

O Sol Outonal




O Sol Outonal

Tem a suavidade mágica
E a lonjura intransponível
Que nos protege quando irradia

A chuva não o embacia
Nem brinca à cabra cega
No eclipse da lua

O Sol Outonal
É o reflexo do que vemos
Num qualquer entardecer
Onde se conjugam
O casamento alquímico
Da sublime intenção
Pontilhada aqui e ali
P`lo ouro das auroras boreais
Manto, a tantas mãos bordado
Que aconchega e aquece
O menino Deus
Que adora adormecer
Nos nossos corações

A.



segunda-feira, 24 de setembro de 2018

O Senhor Outono



O Senhor Outono
Está pendurado
Mesmo na beirinha
Lá do meu telhado…

O Senhor Outono
Camisa de vento
Traz o frio e a chuva
Já no pensamento.

Oh Senhor Outono
Deixe o sol brilhar!
Nós somos pequenos
Queremos brincar.

Vamos lá Senhor outono
Seja meigo e terno
Não deixe já entrar
O seu primo inverno!

TERESA QUEIRÓS FERREIRA