terça-feira, 25 de março de 2014

Deixa-te Amar





Deixa-te amar
Como terra ressequida que a chuva vivifica
Como rio que serpenteia sem nunca parar
Como vento alísio que transpõe o mar

Deixa-te amar
Como os sonhos que se desenham no ar
Como eco que retorna sem nunca cansar
Como luz que incandeia as trevas do olhar

Deixa-te amar...




Maria Adelina



segunda-feira, 24 de março de 2014

A Chave - Friedrich Novalis



“Quando a chave de toda a criatura
seja mais do que número e figura,
e quando esses que beijam com os lábios,
e os cantores, sejam mais que os sábios,
e quando o mundo inteiro, intenso, vibre
devolvido ao viver da vida livre,
e quando luz e sombra, sempre unidas,
celebrem núpcias íntimas, luzidas,
quando em lendas e líricas canções
escreverem a história das nações,
então, a palavra misteriosa
destruirá toda a essência mentirosa”


Friedrich Novalis, poeta alemão,
nasceu em 2/5/1772 e morreu em 25/3/1801





domingo, 23 de março de 2014

Á descoberta de Guerra Junqueiro

Oração à Luz


Fragmento

Luz das estrelas, vaga luz silente.
Cai dos abismos do mistério ardente,
Chora calvários infinitamente,

Para eu rezar!
E cantando,
E lutando,
E sonhando,
E chorando,
E rezando,

Farei da cega luz que me alumia
A luz espiritual do grande dia,
A luz de Deus, a luz do Amor, a luz do Bem
A luz de glória eterna, a luz da luz, amém! 






terça-feira, 18 de março de 2014

Poesia, sempre...


Poesia do Dia da Poesia


Agradeço o convite. O dia 21 é 20 no outro hemisfério por umas quantas horas, havendo uma fusão de dias e noites e de poesia.
Gostava que apreciassem o poema que escrevi para este dia e que o desfrutem na plenitude,
                                                Helder.


 Poesia do dia da poesia.


Dias bons e dias maus, há sempre  um qualquer assim.
Há  dias pra tudo , porque não pra poesia?
Se a tudo coube um dia, como cabe à tudo um fim,
como  há  poesia em  tudo, porque esta não ter seu dia?
                                    ºººxººº
O mundo muito carece de poesia para ser pleno.
Sem poesia falta-lhe  maravilha,
se esta não existisse, tanto mais se carecia, temo,
Faltava-lhe sonoridade e perdia a alegria.
                              ºººxººº
Se não existisse cor, não saberíamos quão bonitos são
os  matizes, as tintas, as múltiplas combinações,
as diferenças do alternar  de luz e tons.
Tudo que varia com a luz do  dia e nunca aborrece,
nem  esmorece o que de belo se nos toca com lirismo,
 horrível  o  monocromatismo.
                          ºººxººº
Tão triste um mundo sem poesia,
sem  luz, sem cor, sem música.
Sem música a vida não canta,
não  encanta, sabuja.
Porém cuidado:
Aquilo que não é da paisagem, a suja!
Porém atenção:
Má dição é  maldição!
                    ºººxººº
É no dia do começo da primavera nos hemisférios
como um aviso que temos flores, que temos cores…
É chegada a hora  de cantar!
Sendo, pois, dos  mais importantes alertas, sem mistérios:
Vem aí inspiração, vamos sonhar!
                   ºººxººº

Neste  tempo de  amores,
não é isto que fazem os poetas?
Pobres poetas que cantam a ilusão!
A poesia é  das coisas mais dilectas,
 pra dizer  coisas na contra-mão.
                        ºººxººº
Para isto não se precisa dia, serve  um qualquer,
há dias que são dias e há os que não são,
dos que esperam que se faça o que puder,
fica-nos bem ter esta noção,
carreando aquilo que vier.
                       ºººxººº
E guarde esta verdade transcendente,
que é  feita de som e maravilha,
a manter o ritmo condizente
e o fazer resplandecer em fantasia,
 transpondo a melodia eloquente
a  fluir, fazendo-se poesia.
                    ºººxººº
É dia todo dia de fazê-la,
 mais ainda dia, neste dia que a emoldura,
 pois cantam todos dias a bendizê-la
os que nela encontram seu ritmo e compostura.
                  ºººxººº
De todos ficam alguns, ditos artistas,
negam seus  eus atrabiliários,
assumem posição e dão nas vistas,
para que possam de ordinário,
fazer delas suas revistas.
                  ºººxººº
Retornando a elas todos os dias,
mais que nesse dia de sua eleição,
para expressar sem medo as fantasias,
que são a fonte de sua dicção.
Todo dia é dia de poesia.

20/03
Olha que eu nasci nesse dia.
Publicado 21st March 2013 por Helder Do Coutto

Poesia para o Dia da Poesia















Os poemas são pássaros que chegam
 Não se sabe de onde e pousam
 No livro que lês.

 Quando fechas o livro, eles alçam voo
 Como de um alçapão.

 Eles não têm pouso
 Nem porto;
 Alimentam-se um instante em cada
 Par de mãos e partem.

 E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
 No maravilhado espanto de saberes
 Que o alimento deles já estava em ti...

* Mário Quintana *





Poesia para o Dia da Poesia



VIVE INTENSAMENTE

Riso, Flores, Alegria,
Gargalhadas de prazer,
Passeios no jardim,
Maravilhas para ver.

Tão bela é a vida,
Belas cores e aromas,
Verde, Rosa, Amarelo, Azul,
Lavanda, Rosas, Jasmim.

Correr, Brincar, Ser criança,
Apreciar a liberdade do nosso Ser,
Sermos quem realmente somos,
Sem nunca ter medo de viver.

Viver sem limites,
Sem horizonte, Viver intensamente,
Simplesmente VIVER.

Viver
Intensamente
Vai
Escolhe
Renascer

Selena Rocha – 17-03-2014



segunda-feira, 17 de março de 2014

A TI...Poesia - No dia Mundial da Poesia


A Ti Poesia

Presente marcado pelo Céu enviado
P`ras horas serenas das Avé-Marias
Onde saltitam dizeres abençoados
Espalhados na eira forrada de luz

Toalha de alegria enfeita o altar
Um ramo de rosas em cada olhar
Salvas de beijos para regalar
Encontro sentido d`Almas irmãs

Citam-nos os Anjos a beber
Água viva, cascata de sentir
Em doces abraços partilhada

Na essência de cada um renascida
Em chuva de bênçãos derramada
Sem tempo ou lugar, sou tua

Poesia…

Maria Adelina


quinta-feira, 13 de março de 2014

ENTRE O PRINCÍPIO E O FIM - João Coelho dos Santos




ENTRE O PRINCÍPIO E O FIM

Não deixes que morra a tua crença!
Sacode as cinzas primeiras que apareçam
E, na dúvida, vê se outra maior não terás.

Teu crer, sem esforço, de novo sentirás
E bendito será o caminho do regresso.
Entre o princípio e o fim
Vai uma distância imensa…

Não mais sentirás mãos vazias, sem leme,
Ou âncoras soltas, sem garras.
O espaço infinito não será, não poderá ser,
Épica solidão do espírito.

Se deixares morrer o sonho, renova-o,
Cria outro! Isso só, justifica o existir.


João Coelho dos Santos

do livro
70 - SETENTA - 70
no prelo
  

sábado, 8 de março de 2014

O MAR NOSSO DE CADA DIA


                                                                                Por Fina d’Armada

O mar para mim começava em Âncora
E acabava na linha do horizonte azul e fina.
Outro maior, mais bonito, com mais peixe não havia
Era um mar que podia tudo 
e a quem se perdoavam as tempestades.

Cada um de nós um dia conheceu o mar
E descobriu que não só aquele existia,
Pois por toda a Terra oceanos havia
Que nos levam a novos mundos do mundo
Desde os tempos de Henrique e João Segundo.

Ó mar misterioso que para mim em Âncora nascia
Ou noutras terras que cada um de nós conheceu,
Foste afinal o mar de um povo que te chamou seu
E te tornou pelos tempos o mar nosso de cada dia.

Ó mar nosso de cada dia
Fizeste de nós aventureiros, marinheiros
E da globalização pioneiros.
Deste-nos vitórias, glórias, outras terras, emoção,
Deste viagens, encontros, novas rotas, deste pão.

Ó mar nosso de cada dia nos dai hoje
Emprego, sardinha, sal, sargaço, riquezas
Perdoai-nos por te estragarmos até às profundezas,
Como nós te perdoamos as lágrimas salgadas,
Os monstros, os barcos destroçados, as vidas sepultadas.

Ó mar, a quem Portugal, grandioso e pequeno, com seus sonhos pertencia
Continua, em novo tempo, a ser o mar nosso de cada dia. 

Fina D`Armada

2007

quarta-feira, 5 de março de 2014

Recordando

Recordando Camilo Pessanha e a sua poesia repleta de sentidos subtis e profundos, para os quais nem o autor provavelmente encontrou sentido…


“Encontraste-me um dia no caminho
Em procura de quê, nem eu o sei.
- Bom dia, companheiro - te saudei,
Que a jornada é maior indo sozinho.

É longe, é muito longe, há muito espinho!
Paraste a repousar, eu descansei...
Na venda em que poisaste, onde poisei,
Bebemos cada um do mesmo vinho.

É no monte escabroso, solitário.
Corta os pés como a rocha dum calvário,
E queima como a areia!... Foi no entanto

Que chorámos a dor de cada um...
E o vinho em que choraste era comum:
Tivemos que beber do mesmo pranto”