sábado, 30 de dezembro de 2017

Um coração é também um Altar




O Altar

Tantos são os altares
com ou sem paredes
a transparência
sua única condição

As novas Belém que vemos ou não
com os olhos do corpo ou do coração
onde a estrela guia por vezes aflora
aos olhos onde impera a veracidade

Locais de cita com Anjos mensageiros
em que a alma abre sulcos pela oração
e as sementes…as sementes
são os acenos de Deus

Que nunca um altar seja profanado
por mal-querer endossado 
ao sítio 
onde mora o sagrado



Nina


quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Para ti Anabela - Carlos Arzileiro Pereira



Para ti Anabela

Como posso agradecer
Tão sublime prazer
Quando escuto seus conselhos
Neles medito, acredite
Também solto um forte grito
Logo dobro os meus joelhos.

A pureza das palavras
Trocada nas horas vagas
Tocam o meu coração 
Não quero ser um qualquer
Porque sei que Ele não quer
Ver a minha inquietação.

De olhos postos no céu
Vejo algo que me deu
O que tanto desejei
O amor não tem limites
Tão cedo de mim partiste
Mas estás bem isso eu o sei.


Carlos Arzileiro Pereira

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

É NATAL! Maria Elisa Flora - Semana D`Ele





É NATAL!

Sente-se nas ruas
O frenesi das compras,
Dos atropelos,
Da pressa em chegar a qualquer lado.
Algo hipnotizados
Somos arrastados
Neste turbilhão.
Mas de repente,
Surge o alerta da voz interior.
Para onde corres?
Porque não páras?
Deixa o bulício, deixa a azáfama
E contempla
O nascimento.
Não só de Jesus,
Esse está sempre dentro de nós,
No coração.
Mas o nascimento
Da contemplação,
Da gratidão,
Da intenção
De mudança de atitude,
Da consciência
De que de tudo fazemos parte.
E nesse instante de compaixão
Prosseguimos o Caminho
Há tanto tempo iniciado.
E assim, no silêncio,
Apesar do turbilhão,
Com os sentidos despertos
Vemos sem ver
O que pouco a pouco
de nós toma conta.
No horizonte um novo Sol desponta
E a Paz,
e a Harmonia,
e a felicidade
Nascem de verdade! 


Maria Elisa Flora

Quando um Homem Quiser - Ary dos Santos - Semana D`Ele



Tu que dormes à noite na calçada do relento
numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que dormes só o pesadelo do ciúme
numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
e sofres o Natal da solidão sem um queixume
és meu irmão, amigo, és meu irmão

Natal é em Dezembro
mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
é quando um homem quiser
Natal é quando nasce
uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
que há no ventre da mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
tu que inventas bonecas e comboios de luar
e mentes ao teu filho por não os poderes comprar
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
és meu irmão, amigo, és meu irmão

Ary dos Santos


domingo, 24 de dezembro de 2017

NOITE DE NATAL - António Alves Cardoso - Semana D`Ele



O meu menino é dos bons,
Dos que não querem
Nem ouro, nem incenso, nem mirra,
E dispensa anjos, trombetas, pastores,
Ou estrelas que guiem os magos.

E mesmo os animais, como enfeites,
Devem estar longe da gruta.

O meu Menino-Jesus apenas quer dormir
Como os outros meninos,
Sem luzes, presépios, incensos...

Por isso, fechei a porta devagarinho
E corri com os mirones, intrusos,
Para o mais longe possível,
Que o menino está dormindo
Nos braços da sua mãe...


António Alves Cardoso


Natal de Quem? - Semana D´Ele - João Coelho dos Santos


NATAL DE QUEM?


Mulheres atarefadas
Tratam do bacalhau,
Do perú, das rabanadas.

-- Não esqueças o colorau,
O azeite e o bolo-rei!

- Está bem, eu sei!

- E as garrafas de vinho?

- Já vão a caminho!

- Oh mãe, estou pr'a ver
Que prendas vou ter.
Que prendas terei?

- Não sei, não sei...

Num qualquer lado,
Esquecido, abandonado,
O Deus-Menino
Murmura baixinho:

- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?

Senta-se a família
À volta da mesa.
Não há sinal da cruz,
Nem oração ou reza.
Tilintam copos e talheres.
Crianças, homens e mulheres
Em eufórico ambiente.
Lá fora tão frio,
Cá dentro tão quente!

Algures esquecido,
Ouve-se Jesus dorido:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?

Rasgam-se embrulhos,
Admiram-se as prendas,
Aumentam os barulhos
Com mais oferendas.
Amontoam-se sacos e papeis
Sem regras nem leis.
E Cristo Menino
A fazer beicinho:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?

O sono está a chegar.
Tantos restos por mesa e chão!
Cada um vai transportar
Bem estar no coração.
A noite vai terminar
E o Menino, quase a chorar:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Foi a festa do Meu Natal
E, do princípio ao fim,
Quem se lembrou de Mim?
Não tive teto nem afeto!

Em tudo, tudo, eu medito
E pergunto no fechar da luz:

- Foi este o Natal de Jesus?!!!



João Coelho dos Santos

sábado, 23 de dezembro de 2017

No cimo da árvore - Ana Homem de Albergaria - Semana D`Ele -



No cimo da árvore, há quem veja uma estrela, eu vejo uma cruz.
Uma cruz pesada, que de dor se inclina.
Por detrás da noite de insónias acesas, só vê fantasias quem não cegou de tristezas.
Que natal, que brilhos, que música nas ruas... ?
Se, dentro de nós , há frio no peito ; há olhos molhados 
e as dores são só tuas?!


Ana Homem de Albergaria

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Eu Estou em Tudo - Semana D`Ele





Eu estou em tudo

O dia amanheceu cálido, contente, pródigo
Na presença de filhos nunca esquecidos
Vestiu-se a rigor, de glória e júbilo

E Eu estou em tudo...

Nos ramos saltitantes que saúdam
No vento suave que vos acaricia
Na sinfonia de palavras que o céu rege

E Eu estou em tudo...

Nos murmúrios sussurrados
Nos momentos eternizados
Na minha essência perfumados

E Eu estou em tudo

No sol raiado do olhar abençoado
No Ósculo sagrado, em mim gerado
Toque dos justos, do meu reino recriado

Levei-vos a Paz...Deixei-vos a Minha Paz...














Do Livro: Hieróglifos do Cosmos 





quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

ERA NATAL - Anabela Coelho - Semana D`Ele




Era Natal!

A terra estava já adormecida
Deambulámos pela mansidão da noite
O céu estava acordado
As estrelas cintilavam
E pelo meio delas passava um arado
Subimos pelo deslumbramento da noite
Pelo instante perfeito 
Sobre um silêncio branco e sem igual
Não havia renas
Nem surpresas
Mas era Natal!


Anabela Coelho


Natal - Álvaro Lima - Semana D`Ele -




NATAL

Quando se acende a luz do verdadeiro Natal?
A luz do sorriso de uma criança
nos que dormem em lençóis, vincados, de relento,
quando acedemos essa luz da caridade e da mudança.
Quando os que passeiam na revolta,
cheguem á doçura da paz.
Os que suportam o calvário da dolência,
sintam o coração cheio de amor.
Quando aos que semeiam a ingratidão,
levamos a ternura de uma flor
e a semente onde não germina solidão.
E nas pegadas, sulcadas, de amargura,
levamos o vento, bom, da esperança.
E quando ao cansado velhinho,
que se perdeu dos anos e do caminho
o escutamos sem pressa, ao ritmo do seu coração
na certeza que o deixemos mais vivo
e mais leve na solidão.
Ah! Quando a palavra é um dom
e toma o caminho, sábio, das parábolas,
o Natal é paz, o Natal é amor!

Vestem-se de cor as cidades, as vilas e as aldeias.
Nos lares, respira-se o aroma do pinheiro
colorido com os tons da imaginação,
com a essência e a cor de cada alma.
Na lareira, o lume ilumina e aquece
a ceia farta, o espírito e as memórias.
As crianças exultam de alegria
com a chegada, esperada, do pai Natal.

O Natal é esperança renovada
que alimenta cada coração
uma suave mística sempre lembrada
no caminho de cada geração.

Álvaro Lima





quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Oração - António Pais da Rosa - Semana D`Ele -




ORAÇÃO

Jesus Cristo,
Meu Divino Mestre,
Senhor dos Senhores,
Estrela bendita,
Dos bons e malfeitores;
Caminho da Luz
Que bem me seduz;
O Princípio e Fim
Que cuidará de mim;
Pai maravilhoso,
Um Ser grandioso;
Conselheiro da Paz,
Que afugenta Satanás;
Perfeito e Divino Conselheiro,
Que me guia o dia inteiro;
Origem do Bem e da Luz,
Que me encanta e seduz;
Filho Sagrado de Deus verdadeiro,
De quem quero ser romeiro;
Guia de cegos e filhos abandonados,
E de enfermos mal curados.
Derrama sobre meu corpo
O teu encanto divino e sublime olhar
Para de TI mais me encantar.
Vinde, guia-me e inspirai-me
E, em doce e divina visão,
Como Pai Eterno e não de conjunção,
Iluminai-me e curai-me,
Para poder espalhar tua graça,
Teu amor, meu Senhor,
E assim poder espalhar minha alegria,
Num momento de grandeza e magia,
Cantando e vivendo teu amor,
Entre meus irmãos que te seguem
Com exaltação e fervor.


21MAI2014
Prosa
(António Pais da Rosa, Presidente da APP)





terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Já não sou capaz - Ana Homem de Albergaria - Semana D`Ele -





Tela: Ana Homem Albergaria










Já não sou capaz de escrever poemas de Natal.
Aguardo de novo a tua vinda Menino do Presépio.
Espero de novo pela Família Amor,
Que neste velho Tempo de corações frios se aconchegue
Na simplicidade de uma nova gruta,
Segundo abrigo,
Ultima esperança, do Salvador do Mundo!
Espero-te nesta luta diária, mas não inglória, contra o egoísmo,
Em nome da Humanidade que se quer reconstruir.
Espero-te no mesmo trilho, mas neste Belém de novos tempos,
Debaixo de um céu de justiça e num chão seguro para todos.
Espero-te reedificando-me, fortalecendo-me,
Amando-me, para te amar a ti e amar os outros.
Tenho de estar completa quando chegares!
Quero ser essa nova gruta, robusta mas transparente,
Onde todos te verão Renascer!

Poema : Ana Homem Albergaria



segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Falavam-me de Amor - Natália Correia - Semana D`Ele




Falavam-me de Amor

Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,

menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.

Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.

O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.

Natália Correia


domingo, 17 de dezembro de 2017

Noite Pequena - Semana D`Ele

A luz  filtrou-se intensa pela persiana semi cerrada
Como aurora adiantada que se faz sentir em redobrado
E a brisa moldou-se em voz cristalina que do céu ecoa:

Despertem o vosso pensar
Quebrem a vã fascinação
Da ilusória realidade
Restabeleçam o perdão
Ensaiem o hino da paz
Os tempos são chegados
Do Caminho reencontrar
Em cada coração Sou a voz
Bússola guia da senda do lar
Dêem-se as mãos, elos de Mim
A nova Aliança faz-se anunciar




sábado, 16 de dezembro de 2017

Alma Serena

Alma Serena 

Alma serena, a consciência pura, 
assim eu quero a vida que me resta. 
Saudade não é dor nem amargura, 
dilui-se ao longe a derradeira festa. 

Não me tentam as rotas da aventura, 
agora sei que a minha estrada é esta: 
difícil de subir, áspera e dura, 
mas branca a urze, de oiro puro a giesta. 

Assim meu canto fácil de entender, 
como chuva a cair, planta a nascer, 
como raiz na terra, água corrente. 

Tão fácil o difícil verso obscuro! 
Eu não canto, porém, atrás dum muro, 
eu canto ao sol e para toda a gente. 

Fernanda de Castro, in "Ronda das Horas Lentas"

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Não me adorem...



Acerca a tua mão da minha...
Não me adorem, caminhem a meu lado…
Altar?..... Apenas me recolho ao vosso coração
Sentirei o vosso amor, nos olhos, onde os vossos se espelhem
Dor? Porque teimais em manter-me preso a ela, se dela vos libertei!
Da cruz renasci, em templos nunca me vi não sou gesso ou tela pintada!

Sou a Água da Vida que corre em ti
Sou o brilho do teu olhar quando sorris
Sou o arco da tua mão quando dás
Sou o calor do teu gesto de amor

Eu Sou, sempre em Ti – Não te esqueças Tu de Mim

Yeshua



A.



terça-feira, 5 de dezembro de 2017

A VISÃO


Há-de vir um dia, talvez de madrugada,
em que as mulheres bordarão em oiro fino
com suas novas mãos, no mundo, outro destino

Há-de vir um dia, talvez de nevoeiro,
que solte as asas dos talentos encobertos 
que o tempo levará a tempos mais despertos

Há-de vir um dia, talvez de ondas bravas
em que a voz, a pena, o trabalho e o estudo
construam e desconstruam o nada e o tudo

Há-de vir um dia, talvez só com estrelas,
em que mulheres como iguais, não será mito,
comandarão mansas armadas pelo infinito


Fina D`Armada

sábado, 2 de dezembro de 2017

Pequenas Palavras



Pequenas Palavras

De todas as palavras escolhi água,
porque lágrima, chuva, porque mar
porque saliva, bátega, nascente
porque rio, porque sede, porque fonte.
De todas as palavras escolhi dar.

De todas as palavras escolhi flor
porque terra, papoila, cor, semente
porque rosa, recado, porque pele
porque pétala, pólen, porque vento.
De todas as palavras escolhi mel.

De todas as palavras escolhi voz
porque cantiga, riso, porque amor
porque partilha, boca, porque nós
porque segredo, água, mel e flor.

E porque poesia e porque adeus
de todas as palavras escolhi dor.


Rosa Lobato de Faria


quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Homenagem na data da sua morte.




O meu olhar

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E, de vez em quando, olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Fernando Pessoa - Alberto Caeiro



quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Preservação...a palavra de ordem



Quantas Cores o Vento Tem

Tu achas que sou uma selvagem
E conheces o mundo
Mas eu não posso crer
Não posso acreditar
Que selvagem possa ser
Se tu é que não vês em teu redor
Teu redor

Tu pensas que esta terra te pertence
Que o mundo é um ser morto,
Mas vais ver que cada pedra, planta ou criatura
Está viva e tem alma, é um ser.

Tu dás valor apenas às pessoas
Que acham como tu sem se opor
Mas segue as pegadas de um estranho
E terás mil surpresas de esplendor

Já ouviste um lobo uivando no luar azul
Ou porque ri um lince com desdém
Sabes vir cantar com as cores da montanha
E pintar com quantas cores o vento tem
E pintar com quantas cores o vento tem

Vem descobrir os trilhos da floresta
Provar a doce amora e o seu sabor
Rolar no meio de tanta riqueza
E não querer indagar o seu valor

Sou a irmã do rio e do vento
A garça, a lontra, são iguais a mim
Vivemos tão ligados uns aos outros
Neste arco, neste círculo sem fim

Que altura a árvore tem
Se a derrubares não sabe ninguém

Nunca ouvirás o lobo sob a lua azul
O que é que importa a cor da pele de alguém
Temos que cantar com as vozes da montanha
E pintar com quantas cores o vento tem

Mas tu só vais conseguir
Esta terra possuir, se a pintares
com quantas cores o vento tem

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Jc87pWX87Xg