quinta-feira, 23 de abril de 2015

ALMA MENINA E O ROUXINOL

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Como canta o rouxinol
Lá longe no beiral,
Também a minha alma canta
Para afastar todo o mal.

Mas o mal não existe,
Diz o rouxinol.
Não precisas estar triste,
Alma menina da cor do sol.

Como não existe o mal?
Se todos os dias sofro.
Minha alma sangra e chora,
Sempre há espera de consolo.


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Tua alma é peregrina,
Viajando de vida em vida.
Em busca da Felicidade,
Compaixão, Amor e Bondade.

Meu amigo rouxinol,
Sempre tão inspirador.
Mostra-me o caminho a seguir,
Ao encontro do Amor.

Simplesmente…deixa fluir,
Basta apenas dar.
O que precisas a ti virá,
Tudo o resto é para desapegar.


Compreendo…
Agora compreendo…
Basta apenas AMAR.

Dedico este poema a Débora Filipa Pereira Oliveira 

sexta-feira, 17 de abril de 2015


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Akhenaton, Faraó

Renasce

Não guardes amarguras em teu coração.
Sê cândido contigo mesmo.
Extirpa toda noção falsa que se refira a ti.
Extirpa todo falso apego.

Olha a Divindade em todas as coisas.
Acima de tudo não te atenhas a falsos queixumes.
Sê forte.
Descansa em espírito sobre o que é imortal e imortal chegarás a ser.

Lembra-te que nenhuma frustração é definitiva,
Há sempre um imprevisto apaziguante,
quando tudo parece perdido....

Deixa que teus pensamentos e sentimentos
sejam grandes, universais, acima de todo egoísmo.

Então, ainda que sob a mais densa obscuridade
da terra, perceberás, mesmo que confusamente
que o princípio, é a Luz de Aton, o grande Sol

".... uma inscrição que Akhenaton mandara gravar nas paredes exteriores do incensário do seu palácio


Akhenaton, Faraó


XVIII dinastia do Egipto que reinou por dezassete anos e morreu em 1334 a.C

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Eduardo Galeano morreu - Que viva o Mestre e se cumpra a Utopia




Os ninguéns


As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.

Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, malditos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialectos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.

Eduardo Galeano

domingo, 12 de abril de 2015

Manhã de "Renascimento"


Hoje aconteceu mais uma Manhã de Poesia muito especial.
A nossa imensa Gratidão a Todos os que participaram e especialmente aos nossos convidados da ACAPO,  pelos seus testemunhos de renascimento e pela sua Poesia.  




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O dia em que o Sol veio escutar poesia

Na casa secular onde as paredes dão flor
Veio de visita e assim como quem não quer
Deslizou pelas janelas e entrou manso e quedo
Atapetou o chão com passadeira de suave rubor
Afinal era a sua vez primeira de entre rimas e trovas
Sentir ele próprio o que há séculos faz sem saber…Renascer
A sala tingiu-se de um branco alvar para o receber
Como em dia de vindima chegaram as cestas fartas
Onde saltitavam palavras ora tímidas ora emocionadas
Que se transformaram em pérolas transparentes
Disfarçadas, na magna consciência a que chamamos, Sol


A.

12 de Abril 2015




sexta-feira, 10 de abril de 2015



Daniel Faria


10/4/1971 //  9/6/1999







Um coração de sangue

Um coração de sangue
Um coração de xisto e aço
Um coração angular e redondo
Como a pedra que te abre
Do interior do chão

Um coração solar
De granito
De carne
Curado da noite de nascença

Um coração de homem
Um coração de homem vivo
Um coração de criança ao colo
Interior
-Mais interior do que o sangue no coração que me darás-

Peço um coração
Nuclear



Daniel Faria - de Explicação das Árvores e de Outros Animais - 1998



quarta-feira, 8 de abril de 2015


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Egito Gonçalves
8 Abril 1920 // 29 Janeiro 2001 






Com Palavras

Com palavras me ergo em cada dia!
Com palavras lavo, nas manhãs, o rosto
e saio para a rua.
Com palavras - inaudíveis - grito
para rasgar os risos que nos cercam.
Ah!, de palavras estamos todos cheios.
Possuímos arquivos, sabemo-las de cor
em quatro ou cinco línguas.
Tomamo-las à noite em comprimidos
para dormir o cansaço.
As palavras embrulham-se na língua.
As mais puras transformam-se, violáceas,
roxas de silêncio. De que servem
asfixiadas em saliva, prisioneiras?
Possuímos, das palavras, as mais belas;
as que seivam o amor, a liberdade...
Engulo-as perguntando-me se um dia
as poderei navegar; se alguma vez
dilatarei o pulmão que as encerra.
Atravessa-nos um rio de palavras:
Com elas eu me deito, me levanto,
e faltam-me palavras para contar... 


Egito Gonçalves, in 'Antologia Poética' 





terça-feira, 7 de abril de 2015

RENASCER




Renasço…
Renasço alegre e feliz…
Renasço com a certeza que construo um novo caminho,
Uma nova vida.
Uma vida repleta de energia positiva,
Uma vida assente nos princípios que acredito,
Uma vida com amor suficiente para ultrapassar
Todos os obstáculos que possam surgir.
Uma vida com a qual eu sempre sonhei,
Mas sempre me faltou a coragem para viver plenamente
Sentir cada emoção,
Cheirar cada odor, saborear cada paladar…
Enfim, quero apenas viver
Viver livremente,
Com todas as capacidades que o meu ser possui.
E então poderei gritar,

Eu amo-me plenamente!!...

        .





Almada Negreiros - 7/4/1893  a 15/6/1970








O Echo (Eco)

Tão tarde. Adão não vem? Aonde iria Adão?!
Talvez que fosse á caça; quer fazer surpresas com alguma corça branca lá da floresta.
Era p'lo entardecer, e Eva já sentia cuidados por tantas demoras.
Foi chamar ao cimo dos rochedos, e uma voz de mulher também, também chamou Adão.
Teve medo: Mas julgando fantasia chamou de novo: Adão? E uma voz de mulher também, também chamou Adão.
Foi-se triste para a tenda.
Adão já tinha vindo e trouxera as setas todas, e a caça era nenhuma!
E ele a saudá-la ameaçou-lhe um beijo e ela fugiu-lhe.
- Outra que não Ella chamara também por Elle.

Almada Negreiros, in 'Frisos - Revista Orpheu nº1'