sexta-feira, 30 de março de 2018

DIANTE DA CRUZ, NUMA IGREJA
















DIANTE DA CRUZ, NUMA IGREJA  

A hora é de trevas
E tu vais morrendo
Como um sol a apagar-se…

No alto, a cruz
Em baixo, os joelhos em sofrimento
Num calvário de dores repartidas…

O silêncio esmaga
Nas colunas suspensas
Na penumbra das almas
Na solidão de quem continua sozinho…

E se queres saber
Não sei de nós quem mais sofre
Se tu, rodeado de luzes e flores
Se eu, de joelhos
No lajedo frio da nave…

Às tantas morremos os dois
Na mesma sexta-feira de trevas
Mas tu ressuscitas
E eu apodreço na vala comum
Do esquecimento.

A. Alves Cardoso 



2 comentários:

Cecília Pires disse...

Aprendamos com o exemplo de sacrifício e humildade de Cristo. O que nos espera é a «vala comum do esquecimento». Neste «calvário de dores repartidas», o mundo precisa de mais humanidade, mais comunhão, mais respeito, mais tolerância...

Unknown disse...

"O nascimento, a morte e, entre ambos, a fragilidade.” Ian Mcewan.