sexta-feira, 25 de maio de 2018

HOMEM - ( Ciclo António A. Cardoso)



HOMEM

Partículas de Deus, eis o que somos,
Árvores primitivas, divindades
A mão divina segurando os gomos
De um Adão de todas as idades.
Tudo o que quisermos ser, é o que somos,
Apesar das nossas vis humanidades
E o que existe já está nos tomos
Das nossas mesquinhas feiras de vaidades.
Somos deuses e deusas, quase eternos,
Feitos de pó e sargaço, feitos de lama
E devorados por dentro pela chama!
E nem a clara frialdade dos invernos
Apaga a pouca luz que recebemos
Ou esconde a insatisfação do que não temos...
                           
 A. Alves Cardoso

2 comentários:

Maria Adelina Lopes disse...

Mais uma intensa reflexão num aprimorado poema. Parabéns ao autor.

Anónimo disse...

Poema cheio de partículas da fragilidade humana, onde o autos convida á reflexão. Obrigado e parabéns.