segunda-feira, 7 de maio de 2018

TRAVESSIA - (Ciclo Anabela Coelho)



TRAVESSIA

Entrei serena na noite imensa
A brisa tinha o peso da pluma
Pousei o meu rosto nas pedras
Senti o coração do silêncio
Sem forma nenhuma.
As estrelas guardavam a noite
As estrelas guardavam o teu nome
A lua crescia sozinha
Girando no seu punhal de prata
E tu não vinhas!
Tão remota a tua hora
Tão vaga a tua voz
Que o vento sem acordes de magia
Modelava ao meu ouvido.
Pousei os meus olhos na noite
Fechei a minha mão alada
E quando sosseguei o coração
Era já rosada a madrugada.

Anabela Coelho




4 comentários:

Cecília Pires disse...

Lindo! Mesmo que o que sonhámos não venha, vamos nós sonhando...

Maria Adelina Lopes disse...

Delicadíssima teia de emoções tão fortes na sua fragilidade, tal e qual como a saudade. Lindo

Unknown disse...

LINDO - felizmente que a nossa sensibilidade dotada de características que não são de fácil explicação,nos dá sublime prazer de colocarmos no papel tudo o que nos vai na alma.

Unknown disse...

«E tu não vinhas!» É com isto que os poemas nascem. Este crescer com todo o peso. Por isso é perfeito.