TRAVESSIA
Entrei serena na noite imensa
A brisa tinha o peso da pluma
Pousei o meu rosto nas pedras
Senti o coração do silêncio
Sem forma nenhuma.
As estrelas guardavam a noite
As estrelas guardavam o teu nome
A lua crescia sozinha
Girando no seu punhal de prata
E tu não vinhas!
Tão remota a tua hora
Tão vaga a tua voz
Que o vento sem acordes de magia
Modelava ao meu ouvido.
Pousei os meus olhos na noite
Fechei a minha mão alada
E quando sosseguei o coração
Era já rosada a madrugada.
Anabela Coelho
4 comentários:
Lindo! Mesmo que o que sonhámos não venha, vamos nós sonhando...
Delicadíssima teia de emoções tão fortes na sua fragilidade, tal e qual como a saudade. Lindo
LINDO - felizmente que a nossa sensibilidade dotada de características que não são de fácil explicação,nos dá sublime prazer de colocarmos no papel tudo o que nos vai na alma.
«E tu não vinhas!» É com isto que os poemas nascem. Este crescer com todo o peso. Por isso é perfeito.
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