sexta-feira, 11 de maio de 2018

Para as avós "Mães com açúcar" (Ciclo Anabela Coelho)




A TUA MÃO

Ainda vejo a tua mão sobre a toalha
Musicando o hino da manhã
A tua leve mão alisando o tempo
Na toalha de raminhos de hortelã.

Ainda vejo a tua mão sobre a toalha
Que o teu olhar a ponto luz bordou
Sobre ela as uvas, os figos e as cerejas
A limonada que o tempo adoçou.

Ainda vejo a tua mão sobre a toalha
E sobre ela o paciente castiçal
Que iluminando, não iluminava nada
Pois só a tua luz, maior, era o cristal.

Ainda vejo a tua mão sobre a toalha
Seguindo a minha pelas flores bordadas
Duas estações, frente a frente, serenas
Segurando as nossas mãos caladas.

Anabela Coelho

4 comentários:

Cecília Pires disse...

Simplesmente belo, simplesmente mágico, simplesmente arte. Quem escreve assim, com esta musicalidade e beleza, só pode receber os frutos merecidos da Verdade. Parabéns à autora.

Maria Adelina Lopes disse...

Será que quando as lágrimas rolam serenamente, precisamos de palavras?

Unknown disse...

Este poema é mesmo uma mão estendida. Gosto da toalha de raminhos de hortelã. Um poema que poderia ter sido escrito por Florbela Espanca.

Anónimo disse...

Excelente poema, cheio de arte,mas acima de tudo de uma musicalidade que penetra na alma. É um hino á poesia.