A TUA MÃO
Ainda
vejo a tua mão sobre a toalha
Musicando
o hino da manhã
A
tua leve mão alisando o tempo
Na
toalha de raminhos de hortelã.
Ainda
vejo a tua mão sobre a toalha
Que
o teu olhar a ponto luz bordou
Sobre
ela as uvas, os figos e as cerejas
A
limonada que o tempo adoçou.
Ainda
vejo a tua mão sobre a toalha
E
sobre ela o paciente castiçal
Que
iluminando, não iluminava nada
Pois
só a tua luz, maior, era o cristal.
Ainda
vejo a tua mão sobre a toalha
Seguindo
a minha pelas flores bordadas
Duas
estações, frente a frente, serenas
Segurando
as nossas mãos caladas.
Anabela
Coelho
4 comentários:
Simplesmente belo, simplesmente mágico, simplesmente arte. Quem escreve assim, com esta musicalidade e beleza, só pode receber os frutos merecidos da Verdade. Parabéns à autora.
Será que quando as lágrimas rolam serenamente, precisamos de palavras?
Este poema é mesmo uma mão estendida. Gosto da toalha de raminhos de hortelã. Um poema que poderia ter sido escrito por Florbela Espanca.
Excelente poema, cheio de arte,mas acima de tudo de uma musicalidade que penetra na alma. É um hino á poesia.
Enviar um comentário