ABRIGOS
Há
braços que são árvores
Há
árvores que são braços
Onde as
aves sossegam o trémulo olhar de lágrimas
E
repousam dos cansaços
São
abrigos.
São
mãos a florir, mesmo que a primavera demore.
Há
árvores cheias de frutos e caminham
Raízes
que ninguém ungiu
Meditam
em silêncio
E
fingem não ter medo da noite, das ventanias, dos lobos.
São
árvores que se curvam ao choro das tempestades
Choram
lágrimas surdas quando a penumbra se abre
Quando
a solidão pela noite fora as perfura a golpe de sabre.
Só elas
recolhem as aves onde se perderam
E o
menino flecheiro que dormiu sobre o arbusto
E são
espelhos a reflectirem a abundância do sol
Que vem
do centro, da seiva, do peito.
Há
árvores que se agitam, riem e cantam
São
pérolas translúcidas, abertas de claridade
O âmbar
é o riso que lhes emoldura o rosto
O riso
é o âmbar que lhes dá eternidade.
Anabela
Coelho
(distinguido
na 1ª edição do Concurso de Poesia - Casa da Cultura de Loulé )
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