sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Nas folhas do meu caderno



Vivem saudades e mar
Vivem os dias de inverno
Que me acalentam o olhar.
A folhear o meu rosto
Também se pode sonhar
E tu vieste da noite
Trouxeste contigo os braços
Com que me queres abraçar.

A madrugada que temos
Vestiu de bruma a cidade
Mas deixou nela esta brecha
Que me traz uma saudade
Que não posso mais calar.

É uma dor tão macia
Ao teu jeito, meu e teu
Vive em nós num desatino
Que procuramos os dois.
Será mar, rio ou regato
Que importa, se só eu sei
Saborear esta rota?
Onde nos leva, não sei.

Com esta saudade ao colo
Não há invernos nem ventos
Embalamos o que somos
Na madrugada de bruma
Aveludada de beijos
Na explosão dos sentidos
Na urgência dos desejos.

Nas folhas do meu caderno
Vivem saudades e mar
Cabem madrugadas loucas
Abraços, juras no ar
Desejos sem freio, loucos
Que nos fazem aninhar.

E na alcova tão macia
Tão morta por nos tapar
Ambos sorrimos à vida
Damos largas ao desejo
Soltamos toda a ternura
Amaciamos a vida
Damos-lhe um sabor a mar.

Maria Aida Araújo Duarte.





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