Vivem
saudades e mar
Vivem os dias
de inverno
Que me
acalentam o olhar.
A folhear o
meu rosto
Também se
pode sonhar
E tu vieste
da noite
Trouxeste
contigo os braços
Com que me
queres abraçar.
A madrugada
que temos
Vestiu de
bruma a cidade
Mas deixou
nela esta brecha
Que me traz
uma saudade
Que não posso
mais calar.
É uma dor tão
macia
Ao teu jeito,
meu e teu
Vive em nós
num desatino
Que
procuramos os dois.
Será mar, rio
ou regato
Que importa,
se só eu sei
Saborear esta
rota?
Onde nos
leva, não sei.
Com esta
saudade ao colo
Não há
invernos nem ventos
Embalamos o
que somos
Na madrugada
de bruma
Aveludada de
beijos
Na explosão
dos sentidos
Na urgência
dos desejos.
Nas folhas do
meu caderno
Vivem
saudades e mar
Cabem
madrugadas loucas
Abraços,
juras no ar
Desejos sem
freio, loucos
Que nos fazem
aninhar.
E na alcova
tão macia
Tão morta por
nos tapar
Ambos
sorrimos à vida
Damos largas
ao desejo
Soltamos toda
a ternura
Amaciamos a
vida
Damos-lhe um
sabor a mar.
Maria Aida
Araújo Duarte.
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