sexta-feira, 31 de março de 2017
Cavaleiro Andante
Oh,
meu doce
cavaleiro andante
que me inquietas o sono
quando bates à janela
e foges para que te não veja
Desapareces
por praias lusitanas
cheias de aromas e sol
beijado pela areia
que não é a minha boca
Oh doce cavaleiro
como tenho ciúmes do mar
onde mergulhas
e te abraça o corpo
como se fosse o meu
Queria ser nau e partir
e amanhã bem cedo
esperar-te junto ao cais
ainda adormecida
na ânsia do teu beijo
para me acordar...
cavaleiro andante
que me inquietas o sono
quando bates à janela
e foges para que te não veja
Desapareces
por praias lusitanas
cheias de aromas e sol
beijado pela areia
que não é a minha boca
Oh doce cavaleiro
como tenho ciúmes do mar
onde mergulhas
e te abraça o corpo
como se fosse o meu
Queria ser nau e partir
e amanhã bem cedo
esperar-te junto ao cais
ainda adormecida
na ânsia do teu beijo
para me acordar...
MIA
– Linda Maria Fernandes
quinta-feira, 30 de março de 2017
Se eu pudesse
Se eu pudesse
Se eu
pudesse dar-te aquilo que não tenho
e que
fora de mim jamais se encontra
Se eu
pudesse dar-te aquilo com que sonhas
e o que
só por mim poderás ter sonhado
Se eu
pudesse dar-te o sopro que me foge
e que
fora de mim jamais se encontra
Se eu
pudesse dar-te aquilo que descubro
e
descobrir-te o que de mim se esconde
Então
serias aquele que existe
e o que
só por mim poderá ter sonhado.
Ana Hatherly
In, a
idade da escrita
quarta-feira, 29 de março de 2017
A hora da partida
A
hora da partida
A
hora da partida soa quando
Escurece
o jardim e o vento passa,
Estala
o chão e as portas batem, quando
A
noite cada nó em si deslaça.
A
hora da partida soa quando
as
árvores parecem inspiradas
Como
se tudo nelas germinasse.
Soa
quando no fundo dos espelhos
Me
é estranha e longínqua a minha face
E
de mim se desprende a minha vida.
Sofia
de Mello Bryener
segunda-feira, 27 de março de 2017
domingo, 26 de março de 2017
Às vezes
Às
vezes da minha janela vejo coisas belas
O céu
feito de mares e os solos de infinito
No
profundo da madrugada pássaros despertos
Fazem
romarias em dia de santo de tempo algum
E o rio
da inspiração corre célere, fecundo
Como
sempre, que tua alma vem sentar-se
no
banco de jardim, onde a minha, te reserva lugar
Maria
de Jesus
terça-feira, 21 de março de 2017
21 de Março Dia da Poesia - Viver em Poesia
VIVER EM
POESIA
"Porquê
deixar a poesia para aqueles que a escrevem? Ser poeta é, em primeiro lugar,
criar a poesia na sua própria vida, esforçando-se por introduzir nela a pureza,
a luz, o amor, a alegria. É essa poesia que há necessidade de sentir, de
respirar, nas criaturas, algo que harmoniza, que vivifica…
A verdadeira poesia é inseparável da vida. Então, procurai tornar-vos cada vez mais vivos. É tão agradável encontrar criaturas nas quais se sente que tudo é caloroso, que tudo está animado, iluminado! Gosta-se de uma árvore porque ela dá frutos, gosta-se de uma fonte porque a água jorra cantando, gosta-se das flores por causa das suas cores e dos seus perfumes… Do mesmo modo, gosta-se das criaturas que se abrem para dar algo que é límpido, luminoso, perfumado, melodioso. Aprendei a cultivar em vós esse estado de jorro, de irradiação.
A verdadeira poesia é inseparável da vida. Então, procurai tornar-vos cada vez mais vivos. É tão agradável encontrar criaturas nas quais se sente que tudo é caloroso, que tudo está animado, iluminado! Gosta-se de uma árvore porque ela dá frutos, gosta-se de uma fonte porque a água jorra cantando, gosta-se das flores por causa das suas cores e dos seus perfumes… Do mesmo modo, gosta-se das criaturas que se abrem para dar algo que é límpido, luminoso, perfumado, melodioso. Aprendei a cultivar em vós esse estado de jorro, de irradiação.
Habituai-vos a arrancar do vosso coração algumas partículas vivas para as
enviar aos outros… e sabereis o que é viver na poesia…"
Omraam Mikhaël
Aïvanhov
Primavera
Primavera
Estou
de partida do negrume de luxo e glamour,
Da
hibernação dos sentidos entorpecidos e desejos amedrontados.
As
ilusões que carrego no acordar de vontades loucas,
Leva
à sedução poética do atrevimento onde jaz o grito silencioso.
Das
muitas perguntas adormecidas pelo escárnio da vida alheia,
E
pela debilidade da matéria de que sou refém neste recanto das letras,
Teço
o meu passado com o sussurrar do vento sentido.
O
fim da subserviência pelo vislumbre do olhar inocente,
Irrompe
a paisagem de manto branco, envolvida na sensualidade nua
E
rejuvenescida incessantemente no furor do abraço cobiçado.
A
brisa sacia de gosto requintado, a celebração da assunção de aromas
nostálgicas,
Condimentando
a harmonia e a cumplicidade da renúncia da solidão vivida.
Onde
o desprendimento do recolhimento rebuscado,
conduz
ao deleite dos fragmentos renovadores que acaricia a chegada da Primavera.
Jorge
Poeta (Jorge Almeida)
segunda-feira, 20 de março de 2017
Primavera Cósmica...bem-vinda...
Primavera
Cósmica
Horizonte
celeste, palco magnificente
Em céu fremente paleta de cores
As
nuvens, odores de canteiros floridos
A brisa,
doces cantos de esperança a renascer
Nas auras
luminosas espraiamos o olhar
A Luz vai
dando forma às sementes a germinar
Quanta
vontade, quanto amor para canalizar
Nos
corações com quem nos é dado caminhar
E o Sol,
ah o Sol…esse está a despontar…
Do
interior, em oiro puro, tudo vai transmutar
Pelo
poder radioso do Todo na Alma grupal
Abram
alas…. a Primavera está a chegar
Maria
Adelina
O que é?
Que
saudade é esta
que o peito veste de negro
ainda que o sol
aqueça a planície que o teu olhar trás?
Que dor é esta
que os negros olhos carregam
e o frio não corta
nem os ventos levam no triste entardecer?
Que tristeza é esta
que me veste e que me calça
e embrulha os meus sentidos?
E que viver é este
cheio de saudade
e dor
e frio
e ausência
que nem a Primavera há-de levar?
que o peito veste de negro
ainda que o sol
aqueça a planície que o teu olhar trás?
Que dor é esta
que os negros olhos carregam
e o frio não corta
nem os ventos levam no triste entardecer?
Que tristeza é esta
que me veste e que me calça
e embrulha os meus sentidos?
E que viver é este
cheio de saudade
e dor
e frio
e ausência
que nem a Primavera há-de levar?
MIA
– Linda Maria Fernandes
sexta-feira, 17 de março de 2017
NOVOS CAMINHOS
NOVOS
CAMINHOS
Os
meus poemas precisam de carne
E
de sangue.
Precisam
de punhos cerrados
De
raivas.
E
têm de fazer mais barulho…
Não
mais rodriguinhos balofos
Não
mais maneirismos bacocos.
Quero
alma. Quero força.
Quero
quebrar o círculo das rimas
As
sílabas contadas
E
as formas impostas.
Quero
libertar-me de todo o excesso
Deixar
apenas a ver-se
O
osso
A
carne
O
núcleo
Onde
as lavas escorrem…
Que
os meus poemas hão-se ser fogo
Hão-se
ser rudes
Hão-se
ser a forja
Onde
se crie a justiça
E
se eliminem as escórias
E
fique apenas o gume
A
polpa desligada de todas as cercas
Que
a rodeiam e oprimem.
Quero
versos vorazes e soltos
Como
espadas ou lanças
Descomprometidos
e livres
Que
chamem os bois pelos nomes
E
que nunca se rendam…
É
este o meu único caminho
Que
tenho para caminhar
Nu
e solto de todas as vestes
Que
têm obscurecido as mensagens…
Rimas
não.
Só
se forem malhos, espadas,
Só
se forem lanças, granadas
E
incêndios.
E
sangue dos meus pulsos abertos…
A.
Alves Cardoso
quinta-feira, 16 de março de 2017
Para uma flor
Para uma
flor
Porquê
hoje
esta tristeza
se não é
na tristeza que moro?
Perco-me na distância
dum cheiro a Primavera
onde germina a flor
que há-de nascer
com os olhos cor do AMOR
Porquê hoje
esta tristeza
se há sol
e vesti de azul o teu olhar?
MIA – Linda Maria Fernandes
esta tristeza
se não é
na tristeza que moro?
Perco-me na distância
dum cheiro a Primavera
onde germina a flor
que há-de nascer
com os olhos cor do AMOR
Porquê hoje
esta tristeza
se há sol
e vesti de azul o teu olhar?
MIA – Linda Maria Fernandes
quarta-feira, 15 de março de 2017
Amor?
Amor?
que luz
acendem teus olhos
no profundo e silencioso mar
dos meus olhos
acendem teus olhos
no profundo e silencioso mar
dos meus olhos
que serenidade vens entregar
à mansidão das minhas águas
que ninguém ousou tocar ou
contemplar
à mansidão das minhas águas
que ninguém ousou tocar ou
contemplar
que suavidade
brilho ou lua
me pousa na alma
brilho ou lua
me pousa na alma
com tanto amor
António Cardoso Pinto
terça-feira, 14 de março de 2017
domingo, 12 de março de 2017
Canção da Alma
Canção da Alma
Pela voz dos poetas aprendemos a soletrar
A fala do coração sem semântica ou erudição
Na minha parcela do teu ser descobri
O poeta em ti que em minha voz se coloca
Pensamento cruzado, abraçado, sublimado
Pelo meu código, decifro o do teu ser
Por cartas nunca escritas, palavras nunca
ditas
Quanta poesia gerada na parte minha, que é
tua
Como alva veste que ao presente se ajusta
Recrio paisagens que no teu olhar reflecti
Sonhos, tormentos, promessas, beijos,
encantos
Qual vide enraizada nos socalcos do teu ser
No sentido oculto que a palavra deixa passar
Os conflitos no coração sempre a peneirar
Sendo a Alma semente que em si se recria
No feno da tua eira senti o aroma do lar
Na senda dos raios solares o percurso convida
Do arco-íris às estrelas muito ainda há a
descobrir
O meu Eu em ti será lembrança perene do poder
do amor
O teu Eu em mim será fio condutor no Caminho
da Luz
Singela homenagem a todos os Seres que se vêm pelos olhos da Alma
Maria Adelina
Do livro, “Hieróglifos do Cosmos”
sábado, 11 de março de 2017
sexta-feira, 10 de março de 2017
Esperar
Esperar
que voltes é tão inútil como o
sorriso escancarado dos mortos na necrologia dos jornais
sorriso escancarado dos mortos na necrologia dos jornais
e
no entanto de cada vez que
a noite se rasga em barulhos e
um telefone se debruça de
uma qualquer janela
a noite se rasga em barulhos e
um telefone se debruça de
uma qualquer janela
sinto
que ainda ficou uma
palavra minha esquecida na
tua boca e que
vais voltar
para
a
devolver
palavra minha esquecida na
tua boca e que
vais voltar
para
a
devolver
Alice
Vieira
quinta-feira, 9 de março de 2017
Se fosses
Se
fosses luz serias a mais bela
De
quantas há no mundo: – a luz do dia!
–
Bendito seja o teu sorriso
Que
desata a inspiração
Da
minha fantasia!
Se
fosses flor serias o perfume
Concentrado
e divino que perturba
O
sentir de quem nasce para amar!
– Se
desejo o teu corpo é porque tenho
Dentro
de mim
A sede
e a vibração de te beijar!
Se
fosses água – música da terra,
Serias
água pura e sempre calma!
– Mas
de tudo que possas ser na vida,
Só
quero, meu amor, que sejas alma!
António
Botto
quarta-feira, 8 de março de 2017
terça-feira, 7 de março de 2017
Fina D`Armada deixou-nos há 3 anos
Sem Barreiras
Cara
Amiga, tinha a intenção de te escrever um poema
Mas
como? se a poesia tem rima, métrica, sonoridade, cadência
De
que forma conjugar num poema, o muito que te quero dizer
Preencher
aquele vazio singular que o teu nome evoca
Como
se numa refrega tivéssemos perdido a bandeira
O
estandarte da verdade que empunhaste como ninguém
Então,
resolvi escrever esta carta sem endosso ou direcção
Afinal..
será que existem barreiras, lugares, distância, separação?.
Sinto-te
tão próxima capitã d`armada celeste
A
navegar os mares da história que tão bem descreveste
Tomas
agora chá com as rainhas, os navegantes, as pioneiras
Reencontros
felizes pois de todos vestiste a pele, foste primeira
Por
cá todos bem, cegos ainda pela luz que nos rodeia
Da
qual és candeia pelo bastião da tua veracidade, incómoda,
Para
a modorra acomodada dos contadores da nossa meia-História
Onde
o feminino foi banido por exorcismos de capa e batina
Onde
a mulher, campo e celeiro de todos os grãos…de todos
Foi!
Quiçá ainda é! Excluída do banquete dos comensais
Termino
esta missiva com os cumprimentos habituais…
…Porque
será que temos vergonha de mostrar a saudade
Se
o ocultar a emoção é suprimir o melhor da nossa humanidade
Sinto
saudade amiga, sinto saudade…
Maria
Adelina
Para a minha Matilde
Para a minha Matilde
Oh meu amor
como a saudade me engole
num pranto triste de ausência
A seda dos teus cabelos
já não dança nos meus dedos
nem o rosa da tua face
é a cor com que me visto
sedenta do teu cheiro
que é tanto de ser tão pouco
E tenho tanta pena
querida Matilde
que reinvento o teu abraço
para me agasalhar a saudade
mas tenho frio...
como a saudade me engole
num pranto triste de ausência
A seda dos teus cabelos
já não dança nos meus dedos
nem o rosa da tua face
é a cor com que me visto
sedenta do teu cheiro
que é tanto de ser tão pouco
E tenho tanta pena
querida Matilde
que reinvento o teu abraço
para me agasalhar a saudade
mas tenho frio...
MIA (Linda Maria Fernandes)
Acho que é isso…
Acho
que é isso…
Tem os
que passam
e tudo
se passa
com
passos já passados
tem os
que partem
da
pedra ao vidro
e tem,
ainda bem,
os que
deixam
a vaga
impressão
de ter
ficado
Alice
Ruiz
domingo, 5 de março de 2017
O que é um Poema?
O
que é um Poema?
…”E
se o repetíssemos uma, duas, dez vezes e reparássemos que nenhuma é igual à
outra, e se nos deixássemos abismar pelo rolar da palavra sem uma única rima, e
sentíssemos que existe apenas para este momento, esta realidade, que descreve
este anseio, que exprime esta revolta, que transporta esta recusa tocada de
beleza que vai desaguar num infinito abstracto. Ah, é mesmo um poeta, um poema.
Tinha-me esquecido que tem asas, se transfigura, se torna em salmo ou
impropério, rasga a fronteira dos horizontes, das convenções, atreve-se a
passar as nuvens, não se prende a fórmulas, esvoaça, livre como a alma. O poema
dá-me uma certeza: a alma existe e está lá discretamente escondida na folhagem
das palavras nos tons mesmo azedos que perguntam sem querer resposta, nas
dúvidas que se escondem dentro de todos os humanos. O poema não é uma
proclamação de direitos, é ele próprio um direito porque nasce da arte nobre de
pensar e gritar no tom que entender o que de mais sublime habita o coração do
homem. É um hino, um salmo, um versículo, uma prece balbuciada por milhões de
seres humanos mas que só os poetas sabem interpretar. E sem dizer que tudo é
divino adivinha-se-lhes o traço no subliminar do transcendente….”
P.
António Rego
sábado, 4 de março de 2017
Amor e medo
Estou te amando e não percebo,
porque, certo, tenho medo.
Estou te amando, sim, concedo,
mas te amando tanto
que nem a mim mesmo
revelo este segredo.
Affonso Romano de Sant’Anna
Affonso Romano de Sant’Anna
sexta-feira, 3 de março de 2017
O Ser é...
O
Ser é...
O
ser emerge ao navegar
nas
ondas sensíveis da mente
tateia-se
nas entranhas a sonhar
e
na penumbra dos afectos sente
na
leveza e no saber estar
revela-se
no coração do presente
luta
para se concretizar
na
autenticidade do ser gente
O
ser também é misticidade
inala
a fé com devoção
bebe
o mel da afectividade
que
supera os ímpetos da razão
inventa
com crueldade
nas
teias da maldição
e
passeia a sua leviandade
nas
pegadas da tentação
O
ser é essência
da
raiz à flor
molda-se
com inteligência
saboreia
com veemência o amor
ateia-se
nas páginas da reminiscência
crucifica-se
no calvário da dor
supera-se
sem intransigência
mostrando
o seu valor
Álvaro
Lima
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