terça-feira, 3 de maio de 2016






PELA MINHA JANELA

Aquele velhinho ali é uma realidade toda!
Todo ele está morto. Só o cigarro aceso!
O chapéu, roto, e de banda,
E o olhar parado, preso...

Fora da moldura da janela,
Corre um garoto descalço rodando o arco
Rindo nos olhos, livres e felizes,
Como se o céu fosse aquele charco.

Depois a cena muda e o rapaz,
Aquele mesmo acabado de dizer,
Leva uma moça pela mão, tão linda
Que é um regalo ver!

Na igreja, os sinos, os meninos,
A casa grande, a vida a construir,
Aquelas noites quentes no amor,
Como se o mundo se fosse destruir!

Na janela, o velho parece estar ausente,
Como se aquele corpo não lhe pertencesse
E fosse uma aguarela antiga e abandonada
Que ninguém quisesse...


A. Alves Cardoso


3 comentários:

Unknown disse...

Lindo!

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Unknown disse...

Quando a vocação versejante nos ilumina!