Olha,
Luís, acorda do teu sono
Mete-te
a caminho, cuidado com as botas
E
vem vê-lo manso, já com dono,
Com
água todo ano e com gaivotas...
Que
musas cantarias hoje? Inês.
A
que depois de morta foi rainha?
Está
tudo tão mudado, Luís, não vês?!
Então
vem ver! Levanta-te e caminha...
Já
não há musas como dantes,
Daquelas
fidelíssimas, devotas,
D`olhos
de sonho, fieis, virgens, amantes.
Até
o rio é outro! Com gaivotas.
Mas
pode ser que também tu estejas mudado
E
vendo as saudosas margens do Mondego,
Polvilhadas
de casas e fábricas, fiques chateado
E
não venhas cá tão cedo.
Mas
se vieres, pode ser que encontres uma
Musa,
divorciada até e mãe de filhos,
Que,
em verso, vestiremos de azul e espuma,
Caminhando
fresca e segura entre os junquilhos...
António
Alves Cardoso
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