Estou
vivo e escrevo sol
Eu
escrevo versos ao meio-dia
e
a morte ao sol é uma cabeleira
que
passa em fios frescos sobre a minha cara de vivo
Estou
vivo e escrevo sol
Se
as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no
vazio fresco
é
porque aboli todas as mentiras
e
não sou mais que este momento puro
a
coincidência perfeita
no
ato de escrever e sol
A
vertigem única da verdade em riste
a
nulidade de todas as próximas paragens
navego
para o cimo
tombo
na claridade simples
e
os objectos atiram suas faces
e
na minha língua o sol trepida
Melhor
que beber vinho é mais claro
ser
no olhar o próprio olhar
a
maravilha é este espaço aberto
a
rua
um
grito
a
grande toalha do silêncio verde
António
Ramos Rosa
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