CREDO
Eu creio
em duendes
Em fadas
e em anjos, demónios,
E creio
até em milagres
Como uma
rosa a florir
Creio nos
astros, nos Deuses,
Nas
forças que me correm nas veias,
Nos
sonhos que de noite me assaltam
Vozes
vindas, algures, do Além…
Creio nos
Atlantes de Natália Correia
No lado
oculto das coisas
Nos
mundos invisíveis
Que a
imaginação descobre
No vento
que sopra e que passa
Creio nas
rútilas cores que me pintam
Nas luzes
e sombras que cercam as minhas palavras
No
arco-íris que me agarra por dentro
No regaço
maternal dos teus braços.
Creio,
vejam bem, em bruxas e ninfas
E consigo
até ajoelhar-me em igrejas
Na
bafienta penumbra dos altares e retábulos
Nos
salmos que ecoam por dentro dos claustros…
Creio ser
um viajante contínuo
Por entre
a multidão solitária
Atado a
cilícios de sangue
Guiado
pelo caminho da busca…
Creio
no teu corpo faminto
No teu
corpo aberto
Como um
oásis com tâmaras e água
E uma
casa onde dormir
Nos
cansaços…
Creio até
que Deus talvez nem exista
Que o
corpo se resumirá à mortalha
Mas vou
em frente, denodado, forte,
Armado
com a força da busca…
Creio
enfim no homem
No seu
destino e caminho
No sangue
que os pés, caminhando,
Vão
deixando ao longo da estrada,
Mesmo que
tudo seja ilusão e quimera…
A. Alves
Cardoso
4 comentários:
Muito, muito bonito!
Bonito Credo, poema com traços da realidade cada vez mais atual.
Bonito poema! Quando tudo parece desmoronar-se, ainda é possível acreditar. Num tempo de descrença generalizada, em que os horizontes parecem cada vez mais curtos, aqui fica esta bonita mensagem de fé e de esperança.
Um vitral onde a luz não desiste neste ocaso civilizacional. Crer é realmente poder, façamos acontecer os nossos credos.
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