domingo, 3 de julho de 2016



ALIANÇA

És tu quem afeiçoa
o nó dos desencontros
e ciciosa alongas
o favo do consolo.
Quantas vezes o tempo
Não me teria morto
se o teu solar atento
em mim não fosse porto.
Que sombrias as dores,
que fel o sofrimento,
se não cantasse a força
da voz que alimenta,
Poesia: laço débil,
porém tão consistente:
único sol que ferve
nos mais frios momentos.

António Salvado
Retirado do livro “O Gosto de Escrever”


2 comentários:

Maria Adelina Lopes disse...

Lindo poema, Obrigada Anabela por trazer até nós este poeta.

Cecília Pires disse...

A poesia, que tantas vezes serve de consolo ao poeta! Lugar de reencontro com ele próprio, onde a catarse se dá e o milagre acontece! E tudo ganha sentido e tudo parece menos árido! Bonito poema!