Sou nas mãos
do vento o que quiseres
o frágil
ramo torcido, a erva trucidada
por pesadas
patas, os malmequeres
desfolhados
pela mão diabólica, pesada.
Sou um barco
sem rumo nas procelas
um seixo
branco rolando pelos rios
o xaile roto
e preto das donzelas
a tapar os
insuportáveis frios.
Sou o que
for, tudo o possível,
pedreiro de
mim próprio, e de paredes,
cauteleiro
da sorte e do impossível,
tecedor de
dúvidas, de angústias e de sedes…
Sou, no
silêncio, uma certa ânsia
um vazio dos
outros, um mar distante,
sempre à
espera do longe e da distância
na busca
efémera do instante…
Sou o que
sou, tão vago, tão ausente,
tão cheio de
sede e tão vazio!
No
equilíbrio instável do presente,
Sou um barco
parado em seco rio…
António Alves Cardoso
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