EU
NÃO VOS OUÇO
Dizem-me
alguns com olhos sábios
Não
vás por aí.
Pois
não.
Mas
por mais força que faça
Sou
obrigado a ir por aí.
Nas
autoestradas apontam-me a via verde
Nos
bancos as malditas caixas multibanco
Como
espantalhos agarrados às paredes
Nos
telefones eles berram
Se
quer isto marque 1
Se
quer aquilo marque 2
E
ali estou eu como um pobre tolo diante de um castelo
A
tentar abrir as portas
E
a ir por onde não quero ir.
Já
não sou sequer dono do dinheiro
E
não posso pagar como eu entenda.
Use
o cartão. O cheque é caro.
E
vejo-me a ir por onde
Os
cães me levam prisioneiro
Gritando
inutilmente contra o vento.
António
Alves Cardoso
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