DIANTE DA CRUZ, NUMA IGREJA
A hora é de trevas
E tu vais morrendo
Como um sol a apagar-se…
No alto, a cruz
Em baixo, os joelhos em sofrimento
Num calvário de dores repartidas…
O silêncio esmaga
Nas colunas suspensas
Na penumbra das almas
Na solidão de quem continua sozinho…
E se queres saber
Não sei de nós quem mais sofre
Se tu, rodeado de luzes e flores
Se eu, de joelhos
No lajedo frio da nave…
Às tantas morremos os dois
Na mesma sexta-feira de trevas
Mas tu ressuscitas
E eu apodreço na vala comum
Do esquecimento.
A. Alves Cardoso
2 comentários:
Aprendamos com o exemplo de sacrifício e humildade de Cristo. O que nos espera é a «vala comum do esquecimento». Neste «calvário de dores repartidas», o mundo precisa de mais humanidade, mais comunhão, mais respeito, mais tolerância...
"O nascimento, a morte e, entre ambos, a fragilidade.” Ian Mcewan.
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