O meu
olhar é nítido como um girassol.
Tenho o
costume de andar pelas estradas
Olhando
para a direita e para a esquerda,
E, de vez
em quando, olhando para trás...
E o que
vejo a cada momento
É aquilo
que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei
dar por isso muito bem...
Sei ter o
pasmo essencial
Que tem
uma criança se, ao nascer,
Reparasse
que nascera deveras...
Sinto-me
nascido a cada momento
Para a
eterna novidade do Mundo...
Creio no
mundo como num malmequer,
Porque o
vejo. Mas não penso nele
Porque
pensar é não compreender ...
O Mundo
não se fez para pensarmos nele
(Pensar é
estar doente dos olhos)
Mas para
olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não
tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na
Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque
a amo, e amo-a por isso,
Porque
quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe
por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a
eterna inocência,
E a única
inocência não pensar...
Fernando
Pessoa - Alberto Caeiro
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quinta-feira, 30 de novembro de 2017
Homenagem na data da sua morte.
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2 comentários:
Fernando Pessoa ou Alberto Caeiro, o Grande. Um homem muito à frente do seu tempo, um homem feito de muitos homens, um sentir feito de muitos sentires, uma pessoa (Pessoa) em toda a sua complexidade e genialidade. Infelizmente, morreu (fisicamente) jovem, mas é imortal pela excelente obra que nos deixou. Onde a sua alma estiver, há de estar feliz.
Subscrevo inteiramente.
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