RECOMEÇO
Solta
as tuas lágrimas, abre-me
As
vísceras
E
afoga-me no lago dos queixumes…
Eu
sei que a dor é amarga
Eu
sei que a dor é funda
Mas
há de haver em algum lado
Uma
janela que dê para a fraternidade dos dias
Como
maçãs poisadas nos parapeitos das janelas.
Por
vezes, a solidão enche a casa toda
E
esmaga as flores que querem
Rebentar
do solo quente e fértil da memória...
Mas
há sempre uma espada,
Há
sempre um estilete
Que
perfure as paredes que nos cercam
E
desenhem janelas
E
desenhem portas
Onde
antes só havia muros…
Dá-me
as tuas dores
Que
eu farei delas
Um bouquet de
flores
E
de esperança…
A. Alves Cardoso.
2 comentários:
Parabéns!
“A poesia é tão rápida e tão luminosa, tão igual e tão diferente.” Vergílio Ferreira
Belo poema! Recomeçar implica sempre um ato de vontade e de esperança. Fazer das íntimas dores um bouquet de flores! Linda metáfora!
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