Soneto de Amor
Ela
era nova e no entanto
A
morte veio em seu passinho leve
E
levou-a embrulhada no seu manto
O
seu rosto florido, o seu rosto breve.
Talvez
lá no assento etéreo onde subiu
Se
recorde do tempo de criança
Do
muito que amou, do que sorriu
Do
que ficou em mágoa da lembrança.
E
se a morte, dizem, é passageira
Também
eu, amor, quero morrer
E
ir ao teu encontro onde estiveres.
Perto
de ti serei o que quiseres
Que
viver sem ti é não viver
Quero
morrer vivendo à tua beira.
A. Alves
Cardoso
3 comentários:
O amor destila na simplicidade das palavras o que me fez lembrar Pessoa: «O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente.»
Uma belíssima forma de cantar o puro amor, um amor maior. O poema, construindo na dicotomia viver/ morrer, hiperboliza o sentimento de amor pela mulher amada, que, mesmo embrulhada no manto da morte e apesar da sua essência naturalmente triste, é cantada pelo sujeito poético de forma sublime e pura.
Bonito soneto de amor. A inteligibilidade passa pela simplicidade, e o poeta de uma forma simples canta a real pureza do amor. Quem ama vai sempre ao encontro da essência.
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