Fernanda Botelho
1 de Dezembro
de 1926 // 11 de Dezembro de 2007
Amnésia
Posso
pedir, em vão, a luz de mil estrelas:
apenas
obtenho este desenho pardo
que
a lâmpada de vinte e cinco velas
estende
no meu quarto.
Posso
pedir, em vão, a melodia, a cor
e
uma satisfação imediata e firme:
(a
lúbrica face do despertador
é
quem me prende e oprime).
E
peço, em vão, uma palavra exacta,
uma
fórmula sonora que resuma
este
desespero de não esperar nada,
esta
esperança real em coisa alguma.
E
nada consigo, por muito que peça!
E
tamanha ambição de nada vale!
Que
eu fui deusa e tive uma amnésia,
esqueci
quem era e acordei mortal.
Fernanda
Botelho
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