Ainda
é cedo, sabes?
As pedras são maiores que as nossas mãos.
No ar pesa a espessura da tristeza.
As uvas estão verdes.
Não é tempo do vinho.
O grão já é farinha, mas
o fermento dorme.
Não é tempo do pão.
Pequenos os seios das mulheres.
Não é tempo do leite.
As abelhas zumbem, mas
a flor do rosmaninho é só botão.
Não é tempo do mel.
Amargos os lábios dos homens.
Não é tempo do beijo.
Ainda é cedo, sabes?
Esperemos de mãos dadas,
sentados no caixote dos brinquedos,
bebendo os versos que havemos de escrever.
Verás que amadurece o tempo da saudade.
Licínia Quitério
In: Memória, Silêncio e Água. Poética
1 comentário:
Lindo! "Amargos os lábios dos homens. Não é tempo do beijo..."
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