DESCONCERTO
Sentado
às portas de mundo
voo
nas asas do tempo!...
Em
cada canto sinto as chuvas
rijas
de indiferença, que gelam
no
rosto de crianças famintas
a
implorar uma réstia de humanidade
ao
mundo cobarde e mesquinho,
que
oferece as mãos cheias de nada!...
Respira-se
o aroma da juventude,
reivindicando
ao mundo
o
direito e a dignidade de ser gente.
A
cada pegada, seca-se-lhe a esperança
com
gritos de desilusão!...
Quase
elegem a corrupção como sua mensageira,
ervas
daninhas que contaminam as
mentes
sonhadoras.
Nas
teias do desalento,
sopram
ventos maléficos
que
cruzam olhares sem brilho;
na
melancolia, mordem-se com
beijos
ávidos de fel e mágoa.
Instintos
que vertem prazeres
disfarçados
que enfadam.
Famílias
que desabam ruidosamente pela raiz,
entes
que semeiam crimes hediondos,
que
arrepiam, nos sufocam e nos interrogam.
No
desconcerto de horizontes vazios
encontram-se,
na estrada do silêncio,
idosos,
almas vestidas de luto,
gente
de mãos trémulas,
mestres
de experiência e sabedoria,
que
vivem como fardos!...
No
esquecimento, brotam labaredas
de
sofrimento que explodem como vulcões
Eis
o desconcerto!
Álvaro
Lima