terça-feira, 14 de junho de 2016

BERNARDETE


“Perdi a Bernardete, fisicamente, aos 6 anos. Éramos colegas de escola, amigas, cúmplices. Na altura, sem ajuda de profissionais, fiz o meu luto sozinho. Atabalhoadamente... Mas, Meu Deus, como ficaram desarrumadas todas as minhas divisões!... Lembro-me dela! Convoco-a na sua ternura. Sinto que faltava dedicar-lhe umas palavras"

Anabela Coelho



BERNARDETE
(Aos Anjos que passaram pela vida como uma vela ao vento)

A pedra que te calou
Foi a pedra mais fria
Foi a pedra mais negra...
Não sabia que ao perder-te
Me atingia o peito a mesma pedra...

Ensinaram-me e eu aprendi
Há uma pedra aberta
Uma pedra em flor
Redonda e redonda…

Redonda do teu riso
A vida perdurou o teu riso
Hino desprendido da luz
E das cítaras
Penas brancas em terna dança
Em meu redor
Pétalas, soltas, brancas e de todas as cores.

Sinto-te inundada de luz
No halo mágico da infância
Borboleta que brilha no céu da manhã.
Vejo-te correndo nas searas de trigo
Riscando a paisagem como papoilas
Ah, o teu silêncio cheio de riso!…

Não te acabarás, Bernardete,
Porque há Deus, há Anjos,
Há memórias e Poetas.

Vejo-te...


Anabela Coelho


6 comentários:

Unknown disse...

Linda homenagem à Bernardete e a todos quantos partem cedo demais! Fica a memória, o riso, a lembrança, a amizade, a esperança...

Unknown disse...

Lindo!

A. Alves Cardoso disse...

....

Unknown disse...

É preciso descer às raízes, às memórias, à vida...
Caminho na estrada larga!

Maria Adelina Lopes disse...

As memórias são suporte do Caminho, e quão belas as da inocência abanada pelas perdas, para a morte, ou até para a vida. Poesia é construção, os tijolos o que nos marcou. Fundamos nobreza ao honrar os presentes do nosso passado, porque há memórias, e Poetas.

Unknown disse...

Também ao ler o poema conheci Bernardete.