“Perdi a
Bernardete, fisicamente, aos 6 anos. Éramos colegas de escola, amigas,
cúmplices. Na altura, sem ajuda de profissionais, fiz o meu luto sozinho.
Atabalhoadamente... Mas, Meu Deus, como ficaram desarrumadas todas as
minhas divisões!... Lembro-me dela! Convoco-a na sua ternura. Sinto
que faltava dedicar-lhe umas palavras"
Anabela Coelho
BERNARDETE
(Aos Anjos
que passaram pela vida como uma vela ao vento)
A pedra
que te calou
Foi a pedra
mais fria
Foi a pedra
mais negra...
Não sabia
que ao perder-te
Me atingia o
peito a mesma pedra...
Ensinaram-me
e eu aprendi
Há uma pedra
aberta
Uma pedra em
flor
Redonda e
redonda…
Redonda do
teu riso
A vida
perdurou o teu riso
Hino
desprendido da luz
E das
cítaras
Penas
brancas em terna dança
Em meu redor
Pétalas,
soltas, brancas e de todas as cores.
Sinto-te
inundada de luz
No halo
mágico da infância
Borboleta
que brilha no céu da manhã.
Vejo-te
correndo nas searas de trigo
Riscando a
paisagem como papoilas
Ah, o teu
silêncio cheio de riso!…
Não te acabarás, Bernardete,
Porque há
Deus, há Anjos,
Há memórias
e Poetas.
Vejo-te...
Anabela
Coelho
6 comentários:
Linda homenagem à Bernardete e a todos quantos partem cedo demais! Fica a memória, o riso, a lembrança, a amizade, a esperança...
Lindo!
....
É preciso descer às raízes, às memórias, à vida...
Caminho na estrada larga!
As memórias são suporte do Caminho, e quão belas as da inocência abanada pelas perdas, para a morte, ou até para a vida. Poesia é construção, os tijolos o que nos marcou. Fundamos nobreza ao honrar os presentes do nosso passado, porque há memórias, e Poetas.
Também ao ler o poema conheci Bernardete.
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