sexta-feira, 25 de maio de 2018

VINHO DO PORTO - (Ciclo António A. Cardoso)














VINHO DO PORTO

Das lágrimas dos homens e dos Deuses
nasceram límpidas estas águas de ouro
que desenharam o dorso das montanhas
e formaram, ao fundo, o rio Douro…

E dos socalcos de xisto e das alturas
feitos de trabalho intenso e mouro
surgiu um néctar, único no mundo.
cada gota dele é um tesouro!

Um barco navegando medos e procelas
vai descendo o rio, cheio de uvas de ouro
colhidas com o suor de tantos braços
rezando à Virgem que não haja agouro…

E vieram naufrágios, perdas e fracassos,
que as águas revoltas são raivosos touros
mas o homem é feito de rocha, de granitos,
heróis aclamados dos vindouros…

Os mortais, como Noé, sempre beberam
deste vinho de levantar um morto
e os Deuses sorridentes concluíram
Valeu a pena fazermos este Porto!


                           A. Alves Cardoso 


3 comentários:

Unknown disse...

Lindo! A poesia aliada à cultura nacional e ao que de melhor o país tem!

Unknown disse...

Tudo ganha (ainda) mais vida no canto poético como este "canto" ao Douro, seus tesouros e suas gentes.

Unknown disse...

Lindo!
Oh, meu estimado Douro... Meu verde céu...
É por lá que a Severa canta o nosso fado!