terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

...recordando Natália




O Espírito

Nada a fazer amor, eu sou do bando 
Impermanente das aves friorentas; 
E nos galhos dos anos desbotando 
Já as folhas me ofuscam macilentas; 

E vou com as andorinhas. Até quando? 
À vida breve não perguntes: cruentas 
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando 
Ave estroina serei em mãos sedentas. 

Pensa-me eterna que o eterno gera 
Quem na amada o conjura. Além, mais alto, 
Em ileso beiral, aí espera: 

Andorinha indemne ao sobressalto 
Do tempo, núncia de perene primavera. 
Confia. Eu sou romântica. Não falto. 

Natália Correia

1 comentário:

Maria Adelina Lopes disse...

Chegar à Natália é como chegar a uma sala de espelhos, onde nada fica oculto, o pior e o melhor da natureza humana para reflexionar. Obrigada por nos lembrar Natália