Foi para ti
que desfolhei
a chuva...
a chuva...
Para ti soltei
o perfume da terra...
Toquei no nada
e para ti foi tudo
Para ti
criei
todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre
todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre
Para ti dei
voz
às minhas mãos,
abri os gomos do tempo,
assaltei o mundo
e pensei que tudo
estava em nós...
às minhas mãos,
abri os gomos do tempo,
assaltei o mundo
e pensei que tudo
estava em nós...
Nesse doce
engano
de tudo sermos donos
sem nada termos!
de tudo sermos donos
sem nada termos!
Mia Couto
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