quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Irene Lisboa - nasceu a 25 de Dezembro de 1892

Irene do Céu Vieira Lisboa nasceu Quinta da Murzinheira, freguesia de Arranhó, concelho de Arruda dos Vinhos no dia 25 de Dezembro de 1892. Foi escritora, professora e pedagoga portuguesa. Começou a vida profissional como professora da educação infantil. Em 1932 recebeu o cargo de Inspectora Orientadora do ensino primário e infantil. Como destaca Rogério Fernandes: «o programa de tal departamento desenhado por Irene Lisboa, reformulava de alto a baixo as funções de um órgão estatal até aí consagrado exclusivamente ao controlo ideológico, administrativo e disciplinar dos docentes.». Na verdade, foi uma forma de exílio para uma pedagoga incómoda pelas suas ideias avançadas.Irene Lisboa dedicou-se por completo à produção literária e às publicações pedagógicas, depois de se reformar aos 48 anos. No entanto não foi livre na expressão dos seus pensamentos. «Restavam-lhe a imprensa, o livro, a conferência. Grande parte das suas intervenções tem, precisamente, esses suportes, mas convém não esquecer que o controlo censório exercido pela ditadura salazarista sobre a expressão pública do pensamento não lhe permitiu certamente a transmissão das suas opiniões com toda a claridade.» Faleceu a 25 de Novembro de 1958, a um mês de cumprir 66 anos de idade. A escrita dominou toda a sua vida. A obra literária que produziu foi elogiada por alguns dos seus pares, embora nunca tenha tido grande aceitação por parte do público.

Jeito de Escrever

Não sei que diga. 
E a quem o dizer? 
Não sei que pense. 
Nada jamais soube. 


Nem de mim, nem dos outros. 
Nem do tempo, do céu e da terra, das coisas... 
Seja do que for ou do que fosse. 
Não sei que diga, não sei que pense. 



Oiço os ralos queixosos, arrastados. 
Ralos serão? 
Horas da noite. 
Noite começada ou adiantada, noite. 
Como é bonito escrever! 



Com este longo aparo, bonitas as letras e o gesto - o jeito. 
Ao acaso, sem âncora, vago no tempo. 
No tempo vago... 
Ele vago e eu sem amparo. 
Piam pássaros, trespassam o luto do espaço, este sereno luto das horas. Mortas! 




E por mais não ter que relatar me cerro. 
Expressão antiga, epistolar: me cerro. 
Tão grato é o velho, inopinado e novo. 
Me cerro! 



Assim: uma das mãos no papel, dedos fincados, 
solta a outra, de pena expectante. 
Uma que agarra, a outra que espera... 



Ó ilusão! 
E tudo acabou, acaba. 
Para quê a busca das coisas novas, à toa e à roda? 



Silêncio. 
Nem pássaros já, noite morta. 
Me cerro. 
Ó minha derradeira composição! Do não, do nem, do nada, da ausência e 
solidão. 



Da indiferença. 
Quero eu que o seja! da indiferença ilimitada. 
Noite vasta e contínua, caminha, caminha. 
Alonga-te. 
A ribeira acordou. 



Irene Lisboa, in 'Antologia Poética'

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Vitorino Nemésio - nasceu a 19 de Dezembro de 1901

A TEMPO

A tempo entrei no tempo, 
Sem tempo dele sairei: 
Homem moderno, 
Antigo serei. 
Evito o inferno 
Contra tempo, eterno 
À paz que visei. 
Com mais tempo 
Terei tempo: 
No fim dos tempos serei 
Como quem se salva a tempo. 
E, entretanto, durei. 


Vitorino Nemésio, in 'O Verbo e a Morte'

Vitorino Nemésio - pequena bibliografia



Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva, nasceu Praia da Vitória, 19 de Dezembro de 1901Lisboa, 20 de Fevereiro de 1978 foi um poeta, escritor e intelectual de origem açoriana que se destacou como romancista, autor de Mau Tempo no Canal, e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Alexandre O´Neill - pequena bibliografia



Alexandre Manuel Vahía de Castro O'Neill de Bulhões  nasceu em Lisboa a 19 de Dezembro de 1924 e faleceu em 21 de Agosto de 1986 foi um importante poeta do movimento surrealista português. Era descendente de irlandeses.
Autodidacta, O’Neill foi um dos fundadores do Movimento Surrealista de Lisboa. É nesta corrente que publica a sua primeira obra, o volume de colagens A Ampola Miraculosa, mas o grupo rapidamente se desdobra e acaba. As influências surrealistas permanecem visíveis nas obras dele, que além dos livros de poesia incluem prosa, discos de poesia, traduções e antologias.
Não conseguindo viver apenas da sua arte, o autor alargou a sua acção à publicidade. É da sua autoria o lema publicitário «Há mar e mar, há ir e voltar».

Em 1958, com a Edição no Reino da Dinamarca, viu-se reconhecido como Poeta.

Alexandre O´Neil - nasceu a 19 de Dezembro de 1924

Poema pouco original do medo

O medo vai ter tudo
pernas
ambulâncias
e o luxo blindado
de alguns automóveis
Vai ter olhos onde ninguém o veja
mãozinhas cautelosas
enredos quase inocentes
ouvidos não só nas paredes
mas também no chão
no tecto
no murmúrio dos esgotos
e talvez até (cautela!)
ouvidos nos teus ouvidos

O medo vai ter tudo
fantasmas na ópera
sessões contínuas de espiritismo
milagres
cortejos
frases corajosas
meninas exemplares
seguras casas de penhor
maliciosas casas de passe
conferências várias
congressos muitos
óptimos empregos
poemas originais
e poemas como este
projectos altamente porcos
heróis
(o medo vai ter heróis!)
costureiras reais e irreais
operários
(assim assim)
escriturários
(muitos)
intelectuais
(o que se sabe)
a tua voz talvez
talvez a minha
com a certeza a deles

Vai ter capitais
países
suspeitas como toda a gente
muitíssimos amigos
beijos
namorados esverdeados
amantes silenciosos
ardentes
e angustiados

Ah o medo vai ter tudo
tudo
(Penso no que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer)

O medo vai ter tudo
quase tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos
a ratos

Alexandre O'Neill 

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Olavo Bilac - pequena bibliografia

" O ÚNICO MEIO DE CRIAR HOMENS LIVRES É EDUCÁ-LOS, OUTRO MODO AINDA NÃO SE INVENTOU,, E COM CERTEZA NUNCA SE INVENTARÁ."

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, nasceu no Rio de Janeiro, 16 de Dezembro de 1865 e morreu a 28 de Dezembro de 1918 foi jornalista e poeta brasileiro, membro fundador da Academia Brasileira de Letras..
Conhecido por sua atenção à literatura infantil e, principalmente, pela participação cívica, Bilac era um ativo republicano e nacionalista. O poeta foi o responsável pela criação da letra do Hino da Bandeira.
Em 1907 foi eleito "príncipe dos poetas brasileiros".
 Bilac, autor de alguns dos mais populares poemas brasileiros, é considerado o mais importante dos poetas panasianos.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Emily Dickinson - pequena bibliografia

Emily Dickinson

Nasceu em 10 de dezembro de 1830, na pequena cidade de Amherst, perto de Boston, no estado de Massachusetts, uma das regiões de raízes mais puritanas e conservadoras dos Estados Unidos, e morreu no mesmo local em 15 de maio de 1886. Tendo vivido e produzido à margem dos círculos literários de seu tempo, solteira por convicção e auto-exilada dentro de casa por mais de vinte anos, Emily Dickinson não chegou a publicar os seus versos, por não se submeter aos rígidos padrões de discrição e singeleza que se esperava então de uma mulher. Sua voz era uma voz estranha em meio às tímidas dicções poéticas da época, e por essa razão ela teve de encarar em vida a rejeição de seu labor poético.


Em 1955, o crítico e biógrafo Thomas H. Johnson reuniu numa edição definitiva todos os seus 1.775 poemas. Daí em diante a obra de Emily Dickinson passou a ser reverenciada por uma crescente legião de críticos e leitores exigentes. Sua escrita poética, ambígua, irônica, fragmentada, aberta a várias possibilidades de interpretação, antecipa, sob muitos aspetos, os movimentos modernistas que se sucederiam depois de sua morte. Essa instigante poesia, nascida na solidão e no anonimato mas impregnada dos mais profundos valores humanos, dá hoje a Emily Dickinson um merecido e imortal lugar no cânon literário universal.

Emily Dickinson - nasceu a 10 de Dezembro de 1830


segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Florbela Espanca - nasceu a 8 de Dezembro de 1894

Florbela Espanca, nasceu em Vila Viçosa, a 8 de Dezembro de 1894 e faleceu em Matosinhos, a 8 de Dezembro de 1930.
A sua vida, de apenas trinta e seis anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização, feminilidade e panteísmo.

Precursora do movimento feminista em Portugal. É tida como a grande figura feminina das primeiras décadas da literatura portuguesa do século XX.