terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Melodias da Alma


Melodias da Alma

 
Entre livros e pensamentos
Procurava o silêncio total
Entre múltiplos fragmentos
Quem sabe, se a Deus escutar

Como cascata pulsante
As vozes pularam e riam
Cada uma no seu timbre
Suas mensagens deixavam
 
Os que não tem tempo para dar
Os que pedem, tentando melhorar
Os que não querem avançar
Os que se esquecem de trabalhar
 
Com firme gesto de mão
As teias, tentei afastar
Abba! Se há caminho
Porque não o querem trilhar?
 
O silêncio, fez-se noite
De um negro céu estrelado
Cada estrela tinha voz
Em diáfanas melodias
 
Em suas falas celestes
Doces vozes, reconheci
Dos muitos que me sustêm
Daqueles, com quem aprendi
 
Do meio do firmamento
De som e luz adornado
Sobressai um astro pequeno
Com graça, vem ao encontro
 
E em segredo me diz:
 
Espreita o fulgor do meu brilho
 Debaixo das minhas capas
 Preparo-me para nascer
 No colo materno de Deus
 
 Já foste como eu….
 O teu tempo é chegado…..
 Espraia a tua luz, como eu farei
 Quando for o meu legado”
 
No Cosmos, onde todos estamos inseridos somos astros em crescimento -  Cada um tem o seu tempo – Apenas podemos doar, sem nada esperar….

Do livro: Hieróglifos do Cosmos
 

 





segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

“ESTAREI SEMPRE CONVOSCO”


Na penumbra dos dias
Ouço voz de cada alma
E repouso no colo
De quem chama por mim!
No silêncio sem palavras
Ofereço partículas coloridas de paz
Pousando o olhar na vil humanidade
Que deambula na inquietude
Pelas entranhas da terra.
Vejo gente coberta de lama
Com garrotes de dor e sofrimento.
Almas cheias de nada
Semeiam crimes hediondos
Por entre as gentes.
Dos meus olhos brotam lágrimas trémulas
Que teimam em não secar!
Nas asas do vento
Subo ao alto das montanhas
Dizendo a quem não chora o meu nome
Que é preciso ressuscitar o amor
Nas veias da terra, esmagar a angústia
E atar as almas com pedaços de ternura.
Não mitiguem a vicissitude
Do que nada muda
Nem troquem as teias do vazio
Pelo néctar da esperança.
É preciso trabalhar a vinha
Viver em comunhão
Seguir as pegadas do perdão
Escutar a voz da oração.
À criança que vive o calvário da dor
Apregoando faminta na rua
O nome da sua mãe
Entre balas que não se sentem
E rios de sangue inocente
Levem o amor e paz!
Ao ancião que jorra suores de angústia
Porque a incerteza lhe consome
E chora com a nostalgia do passado
Ofereçam a ternura e a caridade!
“Estarei sempre convosco!”
E “em verdade vos digo”
É preciso que cada homem
Traga a bondade na alma
E tempere o amor
Com a doçura de um beijo!

Álvaro Lima

domingo, 16 de dezembro de 2018

Olavo Bilac - Parabéns Poeta





Olavo Bilac

16 Dezembro 1865// 28 Dezembro 1918








Ouvir Estrelas

Ora ( direis ) ouvir estrelas!
Certo, perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouví-las,
muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto

E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem,
quando estão contigo? "
E eu vos direi:
"Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas



Olavo Bilac



sábado, 8 de dezembro de 2018

Ave Maria - Dia da MÃE - 8 de Dezembro

Florbela Espanca - Parabéns Poeta





Florbela Espanca - 8 de Dezembro de 1894 // 8 de Dezembro de 1930

Ser Poeta


Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior 
Do que os homens! Morder como quem beija! 
É ser mendigo e dar como quem seja 
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! 

É ter de mil desejos o esplendor 
E não saber sequer que se deseja! 
É ter cá dentro um astro que flameja, 
É ter garras e asas de condor! 

É ter fome, é ter sede de Infinito! 
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... 
É condensar o mundo num só grito! 

E é amar-te, assim, perdidamente... 
É seres alma e sangue e vida em mim 
E dizê-lo cantando a toda gente! 



Florbela Espanca,
in "Charneca em Flor"




sábado, 17 de novembro de 2018

SEMEADOR DE VERSOS



SEMEADOR DE VERSOS


O homem lavrando o sol
Arroteando versos e rimas
Semeando as terras lavradas
De sementes da alma…

Nos regos e sulcos, deixar
Que os versos floresçam
Que as águas irrompam do solo
Em suas fontes, suas florações letárgicas,
Como um poema acabado…

As rosas florirem
As tulipas, antúrios, os versos
Enroscarem-se nas empas
Em busca do sol…

O homem como um lavrador de sonhos
Um plantador de naus a haver
Um barco no mar, um barco no vento
Um rio correndo como outro qualquer…

No outono, a foice abocanhando os caules
Recolhendo os sonhos
Secando-os na eira
Aguardando as chuvas
E os pássaros a caminho do sul… 


A. Alves Cardoso



domingo, 30 de setembro de 2018

INFÃNCIA




INFÃNCIA

e jogava ao pião com Deus
enquanto minha mãe estendia a roupa
e o meu pai mendigava o pão

e minha alegria nesse tempo
era próxima da dos meninos
e de Deus que ganhava sempre

e não sei quem perdi primeiro:
o pião ou Deus
apenas sei que deus continua
a jogar com outros meninos

e que no Outono quando saio à praça
nos sentamos e falamos muito
do suave rodopiar das folhas

Daniel Faria